ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 19-02-2003.

 

 


Aos dezenove dias do mês de fevereiro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, João Antonio Dib, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Wilton Araújo e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Darci Campani, Dr. Goulart, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Cassiá Carpes, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 04 Pedidos de Providências; pela Vereadora Clênia Maranhão, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 002/03 (Processo n° 0707/03); pelo Vereador João Bosco Vaz, o Projeto de Lei do Legislativo n° 244/02 (Processo n° 3803/02); pelo Vereador Valdir Caetano, 02 Pedidos de Providências. Também, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando desarquivamento de processos: de autoria do Vereador Aldacir Oliboni, com referência ao Projeto de Lei do Legislativo n° 260/01 (Processo n° 3880/01) e ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 015/01 (Processo n° 2549/01); de autoria do Vereador Cassiá Carpes, com referência ao Projeto de Lei do Legislativo n° 226/02 (Processo n° 3520/02); de autoria do Vereador Isaac Ainhorn, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo n°s 062, 164 e 205/02 (Processos n°s 1257, 2725 e 3262/02, respectivamente); de autoria do Vereador Juarez Pinheiro, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo n°s 205/01, 084 e 225/02 (Processos n°s 3028/01, 1486 e 3477/02, respectivamente) e ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 001/00 (Processo n° 0597/00); de autoria do Vereador Luiz Braz, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo n°s 109 e 290/01 (Processos n°s 1827 e 4448/01, respectivamente) e ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 022/00 (Processo n° 3197/00); de autoria da Vereadora Maristela Maffei, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo n°s 001, 002 e 026/02 (Processos n°s 0001, 0002 e 0765/02, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios n°s 004/03, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 249/02, da Senhora Sylvia Loraine Martins Retamozo, Diretora substituta da 111ª Zona Eleitoral de Porto Alegre; 001/03, do Vereador Paulo Cezar Ramos, Presidente da Câmara Municipal de Putinga – RS; 001/03, do Vereador Marco Augusto Werner, Presidente da Câmara Municipal de Salvador do Sul – RS; 001/03, do Vereador Vilmar Seidel, Presidente da Câmara Municipal de Toropi – RS; 001/03, do Vereador Marcílio Guilherme Ávila, Presidente da Câmara Municipal de Florianópolis – SC; 007/03, do Vereador Gerri Savaris, Presidente da Câmara Municipal de Constantina – RS; 026/03, da Vereadora Dirce Gracioso Soares, Vice-Presidenta da Câmara Municipal de Uruguaiana – RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo registrou o falecimento do ator e diretor teatral Luís Henrique Palesi, ocorrido ontem no Município de Torres – RS, informando que Sua Senhoria foi vítima de afogamento e reportando-se ao pronunciamento efetuado por Sua Excelência durante a Sessão de Instalação da Terceira Sessão Legislativa Ordinária, no qual alertou para os casos de afogamentos, acidentes de trânsito e mortes por eletroplessão ocorridos no litoral gaúcho durante o corrente ano. Durante seu pronunciamento em Comunicação de Líder, o Vereador Cláudio Sebenelo formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a realização de um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Senhor Luís Henrique Palesi, falecido no dia de ontem. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo manifestou-se sobre a atuação do Senhor Adeli Sell como Secretário Municipal de Produção, Indústria e Comércio – SMIC, especialmente no que tange à fiscalização do comércio informal e ambulante no Município. Também, analisou as medidas adotadas por essa Secretaria para a fiscalização do trabalho dos camelôs, externando sua contrariedade à utilização da Brigada Militar como elemento de apoio às ações de fiscalização e mencionando a existência de legislação pertinente ao tema. O Vereador Reginaldo Pujol discorreu sobre notícias veiculadas hoje pela imprensa, alusivas às mudanças na diretoria do Banco Central do Brasil, determinadas pelo Senhor Antônio Palocci, Ministro da Fazenda. Também, aludiu à reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil, na qual ficou estabelecida a taxa básica de juros a ser praticada no País, posicionando-se contrariamente à iniciativa de elevação da mesma e comentando os potenciais efeitos que essa medida acarretará à economia nacional. O Vereador Ervino Besson teceu considerações sobre as dificuldades enfrentadas por pequenos e médios comerciantes de Porto Alegre, para obter o “habite-se” para os seus prédios comerciais, em razão de impedimentos opostos pela Secretaria Municipal de Obras e Viação - SMOV - pela liberação do referido documento. Ainda, externou sua contrariedade ao reajuste praticado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre em relação aos valores do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Wilton Araújo, analisando o acordo político-administrativo firmado para a composição e eleição da atual Mesa Diretora desta Câmara, comunicou o recebimento de missiva da Bancada do Partido Progressista Brasileiro – PPB, através da qual Sua Excelência foi convidado para reunião destinada a discutir diretrizes políticas para o corrente ano. Ainda, lembrou que a composição desta Casa foi definida por sufrágio e que tal deve ser respeitado. O Vereador Pedro Américo Leal, lamentando o teor do pronunciamento feito pelo Vereador Wilton Araújo, explicou os motivos que levaram Sua Excelência a proferir o convite referido. Nesse sentido, discorreu sobre os fatos que nortearam o acordo político-administrativo que culminou com a eleição da atual Mesa Diretora desta Casa, defendendo a necessidade de que as Lideranças dos Partidos nesta Casa discutam as diretrizes políticas a serem desenvolvidas no decorrer do ano. O Vereador Carlos Alberto Garcia, referindo-se ao discurso proferido pelo Vereador Pedro Américo Leal nesta Sessão, parabenizou Sua Excelência pelas atitudes tomadas quanto ao acordo político-administrativo que definiu a composição da atual Mesa Diretora desta Casa. Ainda, instando por providências dos gestores da segurança pública, solicitou seja majorado o policiamento na orla do Lago Guaíba, especialmente nos horários de maior fluxo de esportistas. O Vereador Elói Guimarães, exibindo Ofício-circular assinado pelo Senhor Diretor-Geral da Secretaria Municipal da Cultura, relativo à destinação de convites aos Senhores Vereadores para os desfiles do Carnaval Oficial de Porto Alegre, a ocorrerem na Passarela Carlos Alberto Barcellos Roxo em março do corrente, questionou o trâmite e o teor desse documento. Ainda, propugnou pelo bom entendimento e aprimoramento das relações entre os Poderes Legislativo e Executivo. Em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador João Antonio Dib narrou atividades realizadas no período em que exerceu o cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre em substituição ao Senhor João Verle, destacando o espírito cordato e gentil dispensado a Sua Excelência pelos Secretários e funcionários do Executivo Municipal. Ainda, citou opinião de leitor do jornal Zero Hora, publicada no dia vinte e três de janeiro do corrente, relativo ao reajuste dos valores do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Marcelo Danéris manifestou-se sobre as diretrizes políticas adotadas pelo PFL no período em que o País foi governado pelo Senhor Fernando Henrique Cardoso. Também, prestou esclarecimentos acerca da tramitação de Ofício-circular, pertinente à destinação de convites aos Senhores Vereadores para os desfiles do Carnaval Oficial de Porto Alegre e aludiu à manutenção, no Estado, do Programa de Orçamento Participativo. O Vereador Raul Carrion teceu considerações sobre as políticas públicas a serem implementadas pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, analisando dados pertinentes à dívida externa brasileira nos últimos oito anos. Ainda, leu trechos de matérias publicadas pela imprensa, que versam sobre os resultados obtidos por estabelecimentos comerciais no ano passado em Porto Alegre, reportando-se à questão da abertura ao comércio aos domingos e feriados no Município. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal formulado pelo Vereador Juarez Pinheiro, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Na ocasião, face manifestações dos Vereadores Sebastião Melo e Marcelo Danéris, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os trabalhos da presente Sessão. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n° 004/02, após ser discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol e encaminhado à votação pelo Vereador Juarez Pinheiro. Na oportunidade, face manifestações dos Vereadores Pedro Américo Leal e Cláudio Sebenelo, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os trabalhos da presente Sessão. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n° 015/02. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 009/01, por vinte votos SIM, após ser discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Antonio Dib, tendo votado os Vereadores Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Darci Campani, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Valdir Caetano, Wilton Araújo e Zé Valdir. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Executivo n° 024/01, o qual teve sua discussão adiada por cinco Sessões, a Requerimento, aprovado, de autoria do Vereador Marcelo Danéris. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n° 013/02, após ser discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n° 020/02, por vinte e dois votos SIM, após ser discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Antonio Dib, tendo votado os Vereadores Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Darci Campani, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Wilton Araújo e Zé Valdir. Em Discussão Geral e Votação, foram aprovados os Projetos de Lei do Executivo n°s 042 e 045/02. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n° 047/02, por dezoito votos SIM, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Antonio Dib, tendo votado os Vereadores Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Darci Campani, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Renato Guimarães, Sebastião Melo, Wilton Araújo e Zé Valdir. Em Votação, esteve o Recurso (Processo nº 1941/02 - Apresentado pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, relativamente à possibilidade de indicação, pelo Líder de Bancada, da substituição de Vereador inscrito nos períodos de Comunicações ou Grande Expediente, quando o mesmo encontra-se em representação desta Casa), o qual teve sua votação adiada por cinco Sessões, a Requerimento, aprovado, de autoria do Vereador Marcelo Danéris. Em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Vereador Marcelo Danéris reportou-se ao tema abordado por Sua Excelência em Comunicação de Líder, a respeito da decisão do atual Governo do Estado de extinguir o Programa do Orçamento Participativo. Nesse sentido, ressaltou que o referido programa foi instituído com a finalidade de possibilitar a participação democrática da sociedade na elaboração das diretrizes orçamentárias estaduais, defendendo a manutenção do mesmo. O Vereador Juarez Pinheiro pronunciou-se sobre decisão liminar proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, a qual permitiu a abertura do comércio porto-alegrense aos domingos e feriados. Nesse sentido, teceu considerações acerca do Projeto de Lei do Legislativo nº 008/03 (Processo nº 0455/03), de autoria de Sua Excelência e do Vereador Estilac Xavier, o qual busca amenizar os efeitos da atual regulamentação. O Vereador Sebastião Melo aludiu às políticas públicas implementadas pelo Senhor Germano Rigotto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul, afirmando haver compromisso do Executivo Estadual com a participação popular no processo de elaboração das peças orçamentárias. Também, apoiou o pleno funcionamento dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul – COREDES – RS e declarou-se favorável às atividades desenvolvidas pelos Conselhos Municipais de Desenvolvimento - COMUDES. O Vereador Cláudio Sebenelo manifestou-se sobre os trabalhos da presente Sessão, enfatizando que toda a matéria constante na Ordem do Dia foi apreciada. Também, reportou-se ao teor do pronunciamento, em Explicação Pessoal, do Vereador Sebastião Melo, apontando falhas no Programa de Orçamento Participativo e prestando informações acerca do funcionamento dos COREDES - RS. O Vereador Luiz Braz referiu-se à decisão liminar prolatada pelo Desembargador Clarindo Favreto, tornando ineficaz lei municipal que redefine como taxa o tributo relativo à prestação do serviço de fornecimento de água tratada em Porto Alegre. Nesse aspecto, evocou o artigo 145, II, da Constituição Federal, que estabelece os fatos geradores passíveis de instituição de taxas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios. Às dezesseis horas e quarenta e sete minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária a ser realizada amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib e Elói Guimarães e secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): No dia de hoje não há Pauta e também não temos Comunicações, por ser quarta-feira.

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PSDB.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a cidade de Porto Alegre chora, hoje, a morte de um grande diretor de teatro, chora a morte de um grande ator chamado Luís Palesi. Ele morreu ontem na minha Torres, afogado, às 12h40min.

Anteontem eu tinha feito um pronunciamento a respeito das mortes no verão. Essas mortes se dão, principalmente, na área do trânsito. Todas as segundas-feiras, todos os periódicos da Capital mostram uma mortandade, um genocídio de pessoas que gozam de plena saúde, que, muitas vezes, gozam de plena felicidade social e, de repente, na “Insustentável Leveza do Ser”, do Milan Kundera, Ver. Zé Valdir, as pessoas deixam a vida, e a tristeza toma conta de uma porção de lares; vidas preciosas de pessoas que poderiam estar aqui conosco, mortes plenamente evitáveis e que o trânsito ceifa a cada instante.

Mas, não é só o trânsito; é a nossa imprevidência, é a nossa deseducação, porque esses afogamentos dependem de um processo educacional também. Esse processo educacional também está no ensinar a nadar, mas também na orientação de não entrarem na água as pessoas portadoras de doenças que podem ter na água um mal súbito, como por exemplo as doenças cardíacas e a epilepsia. Dever-se-ia orientar as pessoas no sentido de que, com bebida alcoólica, não podem entrar no mar.

O homem é um ser aerófago - ele quer ar. Ele não vive dentro d’água; ele aprende a nadar. Os peixes vivem dentro d’água por um sistema especial de respiração que o homem não tem. Os pássaros podem voar e o homem não pode, pois não venceu plenamente os problemas da gravidade.

É essa a minha observação, o meu lamento pela perda de um homem insigne, de um ator extraordinário, de extraordinária formação intelectual, um grande diretor, que estava inclusive dirigindo uma peça que está em cartaz na cidade de Porto Alegre, no Teatro de Câmara. Pois Luís Palesi morreu ontem afogado.

Nós não nos reportamos a outros acidentes que são plenamente previsíveis, como a eletrocussão por raios, e no entanto esta semana duas pessoas morreram na praia vítimas da eletrocussão.

São essas mortes lamentáveis, esses perdas de vidas preciosas, plenamente previsíveis, que nós temos de começar a trabalhar, a educar, a orientar, a prever, a prevenir, e não só ficar a cada fim de semana, Ver. Besson, chorando a morte de pessoas queridas, de vidas preciosas e de grandes figuras da sociedade, pela nossa imprevidência. Dessa vez não foi falta de salva-vidas, porque na praia de Itapeva, ao lado de Torres, não tem salva-vidas. A hora era 12h40min, e o ator falecido era um perito, ele ia mergulhar com aparelho especializado e, no entanto, ou por mal súbito ou por essas fatalidades da vida, temos essa tragédia morando ao nosso lado. O esquecimento do fato de que a tragédia mora ao nosso lado faz com que, de repente, nós percamos vidas maravilhosas como a desse grande diretor de teatro que hoje deixa essa lacuna na cidade de Porto Alegre, na nossa cultura, nas nossas artes. E o lamento maior é de que isso poderia ser plenamente evitado. Chora Porto Alegre a morte de um filho, mas todos nós teremos de sair em busca da solução desses problemas e evitar que outros acidentes dessa ordem aconteçam.

Por isso, quando encerro o meu pronunciamento, Sr. Presidente, solicito um minuto de silêncio pelo falecimento desse grande ator, grande diretor Luís Henrique Palesi, que ontem nos deixou. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Deferimos o pedido.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib; colegas Vereadores, colegas Vereadoras, eu já havia, nas nossas Reuniões Representativas, dito, aqui desta tribuna, que o nosso colega e hoje Secretário Municipal de Indústria e Comércio, Ver. Adeli Sell, está fazendo um esforço, de certa forma, para tentar organizar o comércio ambulante da Cidade. E dizia mais, quando o Ver. Adeli Sell começa a atacar a questão dos depósitos clandestinos da cidade de Porto Alegre, ele começa por um bom veio. Porque nós temos uma lógica aqui, já sustentada nesta tribuna, Sr. Presidente, de que camelô não é caso de polícia; camelô é conseqüência de uma exclusão social monumental neste País, que leva centenas e milhares de pessoas ao comércio informal.

E o cidadão lá da ponta, até que me provem o contrário, é um cidadão decente, correto, trabalhador, um pai de família, um homem que trabalha, uma mulher que trabalha o dia todo para ganhar 10, 20 reais para levar o sustento aos seus filhos. Portanto, eu quero, em um primeiro momento, na questão macro, dizer que o Secretário Adeli Sell tem procurado fazer esse esforço. Nós mesmos estivemos no Bairro Ipanema, na semana retrasada, fazendo uma belíssima reunião com comerciantes e moradores, tratando da questão da segurança pública e do comércio informal.

Porém, eu quero, aqui, deixar uma preocupação, porque hoje recebi no meu gabinete, Ver. Pedro Américo Leal, uma comissão de seis ambulantes, pessoas que conheço e que estão no comércio ambulante há dez, quinze anos, na cidade de Porto Alegre, e que trouxeram as notas fiscais das suas mercadorias, que foram apreendidas naquele depósito da Rua Marechal Floriano. Se o depósito não tem alvará, se ele está irregular, absolutamente correto o Secretário Adeli Sell; agora, se o cidadão camelô, Ver. Ervino Besson, aquele trabalhador que paga um aluguel para aquele depósito, não perguntou se aquele depósito tem alvará ou não tem, é um terceiro que foi lesado. Ele foi buscar a mercadoria e o Secretário disse: “Tem que pagar a multa.” Ele não tem que pagar a multa, porque ele não tem dinheiro nem sequer para pagar o ônibus, muito menos para pagar a multa. Portanto, o Secretário Adeli Sell - vou ligar para ele - tem de ter cuidado, porque acho que se devem atacar os grandes, mas eu não posso prejudicar alguém a quem foi prometido há quinze anos um camelódromo que o Governo Municipal nunca construiu. E agora querem tirá-los a chicotadas. Não vão fazer isso! Deve haver alternativas: mercado popular, camelódromo. Vamos a um recadastramento sério, sem influência política. Todo o mundo conhece todo o mundo no Centro e sabe quem é quem.

Mas eu vou mais além, Presidente. Tive uma longa reunião com o Secretário de Segurança Pública, José Otávio Germano. Informei a ele que temos uma posição frontalmente contrária ao fato de a Brigada dar guarida à abordagem de camelô. Não está correto isso! Esta Casa aprovou uma Lei. A Guarda Municipal, já na sua criação, prevê que, além das atribuições de guardar próprios municipais, ela pode fazer esse serviço, mas é muito clara a Lei aprovada nesta Casa, que diz, no inciso V do art. 2.º: “Incumbir a Guarda Municipal da atuação em áreas específicas da municipalidade, tais como em parques, praças, escolas do Município, bem como a fiscalização de camelôs e ambulantes e vigilância do transporte coletivo.” Quando nós aprovamos essa Lei, delegamos à Guarda Municipal esse papel. E não vai ser a Brigada Militar que vai dar guarida para abordagem de camelô. A Brigada Militar tem outras atribuições. A insegurança neste Estado e nesta Cidade é enorme.

Eu espero que o Secretário de Segurança, que disse que não iria colocar a Brigada, cumpra aquilo que disse, porque, se não cumprir, nós vamos prosseguir e levar isso ao Governador, porque temos o entendimento de que a Brigada tem de cooperar. Se há um tumulto no Centro de Porto Alegre, ela deve estar lá, mas essa atribuição rotineira não é da Brigada Militar; isso é atribuição da Guarda Municipal, que deve, se assim a Prefeitura entender, acompanhar os fiscais da SMIC, e, se houver algo mais, deve ser chamada a Brigada, mas não em uma operação rotineira. Nós não concordamos com a tese de que seis, oito, dez brigadianos estejam sendo deslocados do policiamento ostensivo para acompanhar as ações da municipalidade. A Prefeitura tem de assumir a sua responsabilidade. A Prefeitura tem que assumir!

Quem disse que faria um camelódromo para os ambulantes de Porto Alegre foi o Sr. Olívio Dutra, em 1989; quem repetiu isso foi o Sr. Tarso Genro, em 1992; quem repetiu isso foi Raul Anglada Pont, em 1996 e, de novo, Tarso Genro, que disse que ia tratar camelô como questão social. Agora estão tratando camelô como questão de polícia. Camelô não é questão de polícia! Nós queremos estar juntos com o Ver. Adeli Sell, Secretário, para que ele ataque. Mas daquela cidadã que está ali na platéia, eu conheço a história, a sua dignidade; vive do comércio ambulante e teve apreendida a sua mercadoria, alguns frascos de desodorante e outras mercadorias. Ela tem a nota, a SMIC tem que devolver a mercadoria. Se tem de cobrar multa, vai cobrar do depósito; se está clandestina e não tem alvará ou se tem outras mercadorias que não têm nota... Mas aquelas que têm nota, diz a Lei, tem de devolver sem multa, Presidente.

Mas, mais do que isso, espero que a nossa Brigada Militar, espero que o Secretário de Segurança, com a sensibilidade que tem o grande José Otávio Germano, tenha outras atribuições para a Brigada Militar e não coloque a Brigada Militar à serviço da SMIC. Com isso nós não concordamos! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu estive hoje, durante algum tempo, acompanhando o noticiário nacional acerca de alguns acontecimentos que estão ocorrendo em Brasília, quase que concomitantemente com a designação dos três novos Diretores do Banco Central, que está ocorrendo no dia de hoje, conforme ontem havia anunciado o Ministro Palocci.

Mais do que esta troca no comando do Banco Central, absolutamente lógica, surpreendentemente ocorrida quarenta e oito dias após a posse do Presidente da República - pensávamos nós que ela deveria ter ocorrido com mais brevidade -, o que nos estava chamando a atenção, Ver. Wilton Araújo, era a reunião do COPOM - Conselho de Política Monetária -, eis que se anuncia aos quatro ventos, por este País todo, que nós, mais uma vez, teremos aumentada a taxa de juro interbancário fixado pelo Conselho de Política Monetária, num ato mais do que surpreendente e incompreensível num Governo que se elegeu sustentando ser um absurdo termos uma das maiores taxas de juros que se conhece no universo e dizendo que seria uma medida prioritária da administração do Partido dos Trabalhadores reduzir essa taxa impeditiva - o discurso é do PT - do desenvolvimento econômico e do desenvolvimento regular das atividades econômicas do País.

Sabidamente, o crescimento dessa taxa de juros gera como conseqüência uma redução da atividade econômica, a qual já tem um nome que todos conhecem, que é a recessão; portanto, o aumento da taxa é uma postura antidesenvolvimento, é um antidiscurso do Partido dos Trabalhadores.

Eu não gostaria, Vereador-Presidente, de ter vindo à tribuna, logo no início da tarde, sem ter uma confirmação clara do que está ocorrendo na Capital Federal. Parece-me que não há mais dúvidas, porque as especulações são repetitivas: todas as informações que temos são no sentido de que a que já é a maior taxa de juro interbancário do País desde 1999, somente inferior àquela fixada no auge da crise da Argentina, da quebradeira da Argentina, vai aumentar novamente.

Então, quero confessar que sou de um partido político, um dos poucos que tem absoluta convicção de que as urnas determinaram o lugar para ele se colocar, que é na oposição, e que lá ele tem de ficar, numa oposição responsável, não atrapalhando o Governo, especialmente nas suas etapas iniciais. Mas eu não posso, Sr. Presidente, a pretexto de não atrapalhar o Governo, deixar de demonstrar essas incoerências e, mais do que isso, o que considero verdadeiro absurdo: essa incompatibilidade do discurso pré-eleitoral com os atos administrativos nesse início de Governo. Nada, a meu juízo, justificaria esse aumento continuado, o segundo aumento já na era Luiz Inácio Lula da Silva, eis que um dos seus primeiros atos foi aumentar em meio ponto percentual a taxa de juro interbancário. E agora se discute se vai ser um, dois ou três, o que vai representar maior, muito maior ou extremamente maior arrocho na atividade econômica do País.

Por isso, Sr. Presidente, eu gostaria de deixar muito clara a nossa advertência, eis que se busca reunir a Nação para a prática de alguns atos, há muito reclamados pelas pessoas de bom senso neste País, entre os quais a Reforma Tributária, a Reforma Fiscal, a Reforma Previdenciária, a Reforma Política, que foram em grande parte implementadas pelo Governo que se extinguiu e a cuja base política eram atribuídas mazelas por persistirem nessas proposições, agora absolutamente abrigadas no discurso do novo Governo, com o que até nós concordamos, Ver. Luiz Braz, na medida em que um dos slogans do PT foi “a coragem de mudar”. Então, estão tendo a coragem de mudar de posição e de verificar que o seu discurso anterior não tem ajuste nos dias contemporâneos, não tem ajuste na realidade do dia-a-dia, que têm realidades deste País que precisam ser enfrentadas, e que uma delas, ou algumas delas são aquelas que agora, retomando o discurso dito neoliberal do Presidente Fernando Henrique Cardoso, começam a ser tomadas.

Concluindo, Sr. Presidente, olho altamente temeroso de que a recessão econômica neste País se aprofunde com as medidas que o Governo do Partido dos Trabalhadores começa a tomar nos seus quarenta e oito dias iniciais de Governo. Era isso, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Obrigado, nobre Ver. Reginaldo Pujol.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias, todas as pessoas que nos assistem pela TV Câmara, saúdo a todos.

Em Comunicação de Líder pelo meu partido, o PDT, gostaria de abordar dois assuntos que são de grande importância: o primeiro diz respeito ao longo tempo de espera das pessoas para conseguirem os habite-se solicitados na Cidade de Porto Alegre. As pessoas esperam por cinco, seis ou sete anos o habite-se e não conseguem. As dificuldades são imensas. A cada visita do órgão fiscalizador ao estabelecimento, eles arrumam mais um problema, dificultando, dessa forma, a liberação do habite-se. E o que está acontecendo com isso? Principalmente os pequenos e médios comerciantes da nossa Cidade não conseguem o habite-se, e, automaticamente, não conseguem os alvarás para o funcionamento dos seus comércios, e aí são autuados.

É um grande problema - chamo a atenção dos trinta e três Vereadores, que fomos legitimamente eleitos pelo povo da nossa Cidade – que temos que resolver. Junto com o órgão competente vamos ter de resolver esse problema. É um absurdo a demora com que estão sendo entregues os habite-se.

E mais, Ver. Pedro Américo Leal, eu tive informações, no dia de ontem - informações seguras, surgidas dentro do órgão que tem a responsabilidade de fiscalizar e liberar os habite-se -, de que o próprio prédio da SMOV não tem habite-se. Vejam V. Ex.ªs! E mais: que uma parte do prédio da RBS não tem habite-se.

Alguma coisa está errada, meu caro Presidente, Ver. João Antonio Dib! Alguma coisa está errada nesta Cidade.

E nós, como já disse, temos responsabilidade com a nossa Cidade, com Porto Alegre, e temos de, urgentemente, como órgão fiscalizador, tentar solucionar esse problema.

O segundo registro, meu caro Presidente Ver. João Antonio Dib, é a respeito do aumento do IPTU. Já me pronunciei uma vez desta tribuna, faço-o hoje pela segunda vez, e o farei quantas vezes forem necessárias a esse respeito.

Meu caro Ver. Wilton Araújo - honra-nos muito o seu retorno a esta Casa -, tenho certeza de que V. Ex.ª irá unir-se às nossas forças para podermos rediscutir o problema do aumento do IPTU em Porto Alegre. Existem famílias que não têm condições de pagar o IPTU e por isso temos que rediscutir o assunto.

Se o Prefeito tinha poderes para aumentar em até 25%, e assim ele o fez, acho que ele também deveria pensar na carga tributária a que o nosso povo está sendo submetido e que não tem mais condições de suportar. V. Ex.ªs sabem disso! Está aí a discussão do salário mínimo, para o qual querem dar um aumento de 30, 40 reais; mas algumas mercadorias de primeira necessidade subiram em até 150%, outras até mais.

V. Ex.ªs já fizeram o cálculo de uma lata de azeite? Eu tenho, casualmente, em minha casa, uma lata de azeite com o valor de 0,99, e não faz muito tempo que foi comprada. Hoje, uma lata de azeite está custando de 2 reais a 2 reais e 50 centavos. Temos, sim, de rever essa situação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente. Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, com muita honra ocupo esta tribuna pela primeira vez como Líder do PPS nesta Casa. Tenho a certeza de que poderemos fazer, em conjunto com as Lideranças e com todos os pares, uma grande administração nesta Casa. A matéria que me traz à tribuna, hoje, é política, na medida em que as urnas de Porto Alegre, na última eleição, elegeram uma grande maioria oposicionista nesta Casa, sábias foram as urnas. Essa maioria oposicionista vem trabalhando para o bem, para o equilíbrio do Município de Porto Alegre. O episódio último da eleição da Mesa desta Casa, do qual não participei por ainda não ter tomado posse, criou um novo momento, onde a união de forças políticas, por história e por ideologia absolutamente antagônicas, juntaram-se, uniram-se no episódio da eleição – um episódio que poderíamos colocar como administrativo-político. Mas ao chegar à Casa, deparo-me com essa realidade que me preocupa. Se as urnas nos deram o recado para o equilíbrio, que a oposição deveria estar aqui representada em maioria, preocupa-me a partir do momento em que vamos ter no Plenário discussões muito profundas como a reforma do Plano Diretor, que está anunciada para este ano; como a questão do IPTU, que é pauta do dia, e outras questões em que essa maioria oposicionista, se mantida a atual composição, vai desaparecer. Tenho certeza, e o PPS envidará esforços para que se reconstrua, para que essa oposição tenha vitalidade e tenha organicidade de novo, e que possivelmente esse episódio administrativo político recém-findo não tenha conotações ideológicas, não tenha conotações e reflexos políticos maiores daqui para a frente. Nesse sentido, vejo como boa a alternativa, pois recentemente recebi no gabinete um convite da Liderança do PPB para uma reunião. Vejo que as Lideranças que formaram, no recente episódio, o bloco de oposição, ao qual pertencemos, deverão se reunir, discutir, ver deste novo momento, ver na mão estendida do PPB um bom gesto. Mas, é claro, antes disso, reunir-se, conversar e aí, sim, em bloco possivelmente – e esta será a minha posição dentro do bloco –, ir, aceitar a mão estendida e o convite do PPB.

Temo que, se isso não acontecer, se cristalizarem as posições, hoje, nesta Casa, a maior prejudicada certamente será a população de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Wilton Araújo, Líder do PPS, usou a tribuna não digo indevidamente, tampouco deselegantemente, mas acho que imprudentemente. O convite foi meu, e como esse convite foi feito, achei que não era segredo; ele não tem nenhuma intenção de afrontar o PT, tampouco de aliciar as hostes da oposição, de jeito algum! V. Ex.ª me conhece, sou de origem militar, e eu jamais faria isso! Eu não contemporizo, de jeito algum! Apenas nós temos idéias contrárias; o PT e as oposições têm idéias contrárias. O que me levou a reunir as hostes que conduziram este Presidente, João Dib, ao comando da Casa eu nunca escondi de ninguém. Fiz três arremetidas; até desta tribuna eu me referi às três investidas: se não me engano, foram com o Fontana, que V. Ex.ª deve ter presenciado, o João Motta e o Danéris. Reuni-me com o PT, porque queria vencê-los. E o que há de mal nisso? Nada! Queria fazer desse homem o Presidente. Não sei se isso seria possível, mas sempre achei uma injustiça o que se fazia nesta Casa: termos um homem como João Dib, que não ocupava a Presidência. Mas, como! Por quê? Qual era a razão que me davam os Vereadores? Todos concordavam, em particular, com que ele é um homem digno, e que só se poderia pensar em torná-lo Presidente, até para que ele voltasse, esporadicamente, ao comando da cidade de Porto Alegre, nas ausências de João Verle. Mas eu nunca tive, absolutamente, a intenção de conciliar. Eu fiz um convite a V. Ex.ªs para que V. Ex.ªs viessem conosco, mas não contemporizando, de jeito algum. Não contemporizei nunca! Estou dizendo de tribuna; podia esconder, podia passar ao largo, mas não. Eu teria de responder a isso. Eu tenho muita admiração pelo PT. Por quê? Qual é o partido no Brasil que V. Ex.ª pode acusar de ser o dono das inverdades? Nenhum. E qual é o partido dono da verdade? Também nenhum. Ora eles têm razão, ora eles não têm. Agora, vejam: eu sou o maior combatedor do Orçamento Participativo. Chamo-o de plano diabólico. Isso até ficou conhecido. Tarso Genro várias vezes se referiu ao Orçamento Participativo como “o plano diabólico a que o Leal sempre se refere”. Agora, se eu o chamei, Ver. Wilton Araújo, foi com a intenção de reunir uma idéia comum, que nos une, porque somos absolutamente contrários à idéia do PT. Mas, não quer dizer que eles não tenham razão, que não tenham a verdade com eles. Têm, por que não? Tanto que o Lula é o Presidente da República; cinqüenta e quatro milhões de brasileiros o sufragaram.

V. Ex.ª não devia ter usado a tribuna para referir-se ao meu chamamento, que não tem a intenção de conciliar, de amenizar o que houve, não! O Ver. Reginaldo Pujol foi a grande vítima. Já me referi a ele dizendo: o que eu podia fazer se eu queria sufragar e lutar pelo nome de João Antonio Dib? E vou-lhe dizer mais uma coisa: eu me despi de tudo nesta Câmara, entreguei comissões, entreguei funções, entreguei tudo para ver esse homem Presidente. Eu até não gostaria de dizer isso, porque não ficaria bem, e outras coisas.

Não espero, Ver. Carlos Alberto Garcia – olhe-me bem nos olhos -, não espero fazer outra eleição para esta Câmara Municipal.

Então, na minha despedida, eu entreguei tudo a esse homem, porque acredito nele, queria vê-lo Presidente desta Casa. Achava uma injustiça João Antonio Dib não ser Presidente da Câmara Municipal, quando foi Prefeito, e que Prefeito!

Eu encerro, mas V. Ex.ª não se ufane muito dos elogios que lhe dei, não; eu também me vi livre de V. Ex.ª na bancada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Pedro Américo Leal, eu sou grato, mas, em uma primeira Sessão eu vou sentar ao lado de V. Ex.ª, até porque preciso me inscrever em Pauta.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, ouvimos atentamente a fala do Vereador-Coronel Pedro Américo Leal. É verdade, nós que o acompanhamos, aqui, vimos a sua labuta em tentar aglutinar um grupo que saísse vitorioso, mas, ao mesmo tempo, ele foi daquelas pessoas que abriu mão de uma função, dizendo, que para um bem maior, ele abriria mão da individualidade. Nós queremos parabenizá-lo por isso, Coronel, mas também voltamos a dizer, aqui, de público: a Cidade precisa de pessoas como V. Ex.ª, que tem posições fortes e firmes.

Nós vamos fazer, agora, uma abordagem sobre um tema que V. Ex.ª, Ver. Pedro Américo Leal, conhece com propriedade, que é a questão da segurança pública. Nós recebemos algumas pessoas, e temos acompanhado a questão da Usina do Gasômetro, do trecho que vai até o Beira-Rio. Nós propusemos, por um Projeto de Lei, que essa área seja demarcada com metragem para as pessoas saberem quanto estão caminhando, não apenas marcando o tempo. Até já dissemos que, se a Prefeitura fizer a marcação, nós retiraremos o Projeto. E é muito simples, só é preciso tinta e demarcar de 100 em 100 metros, isso para a população que ali caminha saber quanto está caminhando. Isso nos demais parques da Cidade também deverá ser feito. Especificamente aqui ao lado da Câmara, na Usina do Gasômetro, inúmeras pessoas estão sendo assaltadas, diariamente, quando estão fazendo o seu footing. As pessoas estão sendo assaltadas, estão sendo levadas, inclusive para as proximidades do rio Guaíba, estão sendo retirados os seus pertences, como rádio, relógio, dinheiro aqueles poucos que têm. Nós ingressamos, agora, com um pedido de indicação ao Governador do Estado, porque não é uma atribuição do Vereador. É atribuição, sim, do Vereador, ficar atento e zelar pela população. Ingressamos com um pedido de indicação para que seja aumentado o efetivo de policiamento, principalmente naqueles horários em que há maior incidência de pessoas caminhando na Usina do Gasômetro. É interessante, e eu convido os Vereadores a caminharem, um dia, por aquela área e conversarem com as pessoas sobre a sua preocupação com os assaltos de que estão sendo vítimas, diariamente, naquela região.

É uma solicitação simples, mas que vai dar uma tranqüilidade maior aos usuários. Queiramos ou não, essa região da Usina do Gasômetro ao Beira-Rio, é um dos cartões de visita da nossa Cidade, é um dos lugares mais bonitos, principalmente para aqueles que, quando podem, contemplam o fim de tarde, olhando o pôr-do-sol no Guaíba.

Nós estamos aqui manifestando a nossa vontade, o nosso desejo, em nome daquelas centenas de pessoas que ali caminham diariamente, para que elas possam fazer a sua atividade física, o seu lazer, a sua recreação, tendo, ao mesmo tempo, um mínimo de proteção. As pessoas estão ficando com medo de, ao caminharem, serem assaltadas. Inúmeros veículos também já foram, naquela região ali, assaltados, saqueados.

Então, o que nós estamos propondo ao Sr. Governador do Estado, ao Sr. Secretário de Segurança Pública, é colocar um efetivo maior naquela região, porque, se nós caminharmos, vamos ver que quase nunca tem alguém da Brigada Militar ali, para que as pessoas, ao caminharem, possam ter essa tranqüilidade, pelo menos, da ocupação do seu tempo livre e do seu lazer.

Então, essa é a nossa solicitação, o nosso encaminhamento, em nome da população que, diariamente, caminha e freqüenta aquele local. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato, nobre Ver. Carlos Alberto Garcia. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no carnaval retrasado, eu tive um pequeno debate na quadra, na Perimetral, com a Secretária de Cultura do Município, a Ver.ª Margarete Moraes, porque os Vereadores haviam sido colocados numa situação absolutamente depreciativa. O Sr. Prefeito e os Srs. Secretários Municipais estavam lá em cima apreciando o carnaval; e os Srs. Vereadores lá em baixo, socados, esse é o termo, num cubículo, inclusive os Vereadores do PT!

Quando cheguei no local, eu disse: “Olha, isso não é possível!” E ali mesmo tivemos uma discussão.

Bem, o que é que eu recebo e, talvez, os Srs. Vereadores devem ter recebido, olhem só o que eu recebo: um Memorando, Circular n.º 006/03, subscrito, assinado por Sérgio Luís da Silva, Diretor-Geral da Secretaria da Cultura. (Lê.): “A Secretaria Municipal da Cultura, por intermédio da Assessoria da Bancada do Partido dos Trabalhadores, está disponibilizando a todos os Srs. Vereadores um convite para o carnaval, com direito a um acompanhante. Convites esses, pessoais, intransferíveis, com ocupação de um camarote especialmente reservado.”

É solicitação daquela Secretaria, que “haja manifestação dos interessados, no máximo até a próxima quarta-feira, dia 20 de fevereiro, junto a essa Direção-Geral, em razão da necessidade de serem expedidos os convites.”

Assina o Sr. Sérgio Luís da Silva.

Eu não tinha visto coisa igual, Ver. Pedro Américo Leal! Eu não sei se os outros Vereadores receberam esse Ofício. Mas que coisa incrível isso aqui!

Olha, o Vereador para ir ao carnaval vai ter que se articular com a Bancada do PT, com a Secretária da Bancada do PT. Nada contra, é bom que fique claro. Não é isso que está em jogo, mas é o relacionamento, Presidente – chamo a atenção de V. Ex.ª -, para que o relacionamento seja estabelecido entre a Câmara e a maior festa popular do Brasil, aqui no Rio Grande do Sul, que é o carnaval.

Eu não sei se é falta de conhecimento, de memória, pois é preciso que se volte ao passado, Ver. Wilton Araújo, V. Ex.ª conhece: a Câmara é o Município de Porto Alegre, o carnaval tem tudo a ver com o Município, é da história dos carnavais, aqui, e em qualquer parte do País, os Municípios têm tudo a ver com o carnaval. E os Vereadores, sempre, não todos, evidentemente, quem quer, sempre participaram do carnaval. Agora, V. Ex.ª, Ver. Wilton Araújo, vai ter que se articular com a Secretária da Bancada do PT para ter o seu convite.

Que forma de a Secretaria da Cultura se relacionar, é a partidarização! Mas que coisa mais estúpida isso aqui! (Mostra ofício.) Isso aqui é de uma estupidez, no campo administrativo das relações entre o Executivo e o Legislativo, é de uma estupidez sem medida! Vejam o que eu estou dizendo: uma estupidez, uma ignorância sem medida!

Eu não sei se todos os Vereadores receberam, eu recebi isso aqui. Isso aqui não tem explicações. E sabem quem é que subscreve aqui? É o Diretor-Geral, nem é a Secretária, que é Vereadora.

Mas que forma, não tem explicação, não tem explicação, como é que nós podemos receber? Não que o Vereador esteja pleiteando isso, tratamento especial, coisa nenhuma. Mas essa não é a forma correta de tratamento e quebra o princípio histórico da participação, onde participava o Prefeito, os Vereadores que quisessem, naquele patamar de convivência democrática, civilizada que tem que ser.

Olha, eu não vou rasgar isso aqui. Simbolicamente estou rasgando este papel que é de um despreparo assustador. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(O Sr. Elói Guimarães assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Tempo de Presidente.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a quem interessar possa, eu nunca direi que aquilo que é bom para mim não pode ser bom para os meus semelhantes. E não há cargo no mundo capaz de fazer com que eu altere os meus conceitos e os meus princípios – sou um homem de convicções. Mas não foi esse o assunto que me trouxe à tribuna, evidentemente, mas, sim, para falar na semana em que tive a honra de substituir na Prefeitura Municipal de Porto Alegre o Prefeito João Verle. Devo dizer que fui tratado cavalheirescamente por quase todos os Srs. Secretários e servidores da Prefeitura. Conhecendo bem as limitações que tem um prefeito em exercício, não tive dúvida nenhuma em exercer a função com todos os princípios que a ética determina; foi assim que procedi. Tanto que no dia em que eu tomava posse, eu dizia que viveria de reminiscências e assim foi o que fiz realmente. No primeiro dia fiz uma visita ao DEMHAB. Comecei a trabalhar na Prefeitura no Serviço de Habitação Popular, que depois transformou-se em Departamento Municipal da Casa Popular e, depois, Departamento Municipal de Habitação. Conversei com a Direção do DEMHAB por algum tempo e, ao sair, perguntei: Os senhores sabiam que o DEMHAB já funcionou na Av. Independência? Eles não sabiam. Depois fui fazer uma visita ao DMAE, onde fui Diretor por duas vezes, fui regiamente recebido e troquei idéias com servidores que ainda eram do meu tempo de Diretor. Vi que as coisas funcionam bem. O ex-Vereador Airto Ferronato, Diretor do DEP, procurou-me e colocou para minha análise toda a programação que tem o DEP até o ano de 2005, quando esperam ver resolvido o problema do conduto forçado Álvaro Chaves. O Secretário da Saúde, quando houve aquele incidente na Vila Cruzeiro, imediatamente telefonou e me deu todos os detalhes para que se eu fosse entrevistado, pudesse dizer o que havia acontecido e o que era verdadeiro em razão de uma pessoa que chegou no Posto de Saúde com pressão zero e praticamente pulso zero, foi reanimada. Não havia uma UTI móvel, e a pessoa não deveria ser transportada de outra forma. Foi mantida no posto durante oito horas. Quando chegou a UTI móvel, foi transportada, mas ela havia entrado no posto em péssimas condições de saúde e não resistiu. Mas ele me deixava tranqüilo, se eu precisasse responder para alguém. Fui visitar a Secretaria Municipal de Transportes, EPTC, onde fui Secretário. Eles tiveram tanto cuidado, que nem ao menos falaram nas tarifas aprovadas pelo Conselho Municipal de Transporte Urbano, para que eu não me sentisse em uma situação delicada de ter que responder pela Prefeitura, assinaram um Decreto de majoração tarifária. Foram absolutamente corretos. Nos locais onde fui, sempre fui bem atendido. Não tentei em momento algum exercer a autoridade, da qual eu estava investido, sem dúvida nenhuma. Se houvesse uma emergência, eu teria de tomar decisões, e eu tomaria. Mas, no momento da posse, eu falei com o Sr. Secretário Municipal da Fazenda, Dr. Ricardo Collar, e disse das dificuldades que eu enfrentava no meu gabinete à semelhança do que outros Vereadores enfrentavam na Casa do Povo de Porto Alegre, quando o povo dizia que nós, os Vereadores, havíamos aumentado o IPTU, e nós não havíamos feito isso. Mas os servidores da Fazenda diziam que era assim. Ele me disse que examinaria caso a caso. Inclusive, redigiu um ofício, que eu assinei como Prefeito em exercício, encaminhei ao Presidente em exercício da Câmara, Ver. Elói Guimarães, dizendo que o Secretário e a sua equipe estavam à disposição dos Vereadores para elucidar qualquer problema de IPTU. Ora, eu sempre digo aqui desta tribuna e vou repetir sempre que puder que lei deve ser clara, precisa, concisa e respeitada. Há algumas coisas na minha vida que eu não suporto, sendo que uma delas é ser chamado de mentiroso. Eu já contei que há uma lenda aqui que entrei no Plenário sem bengalas, porque me chamaram de mentiroso.

Eu tive o desprazer, e falei para o Secretário Ricardo Collar, que no dia 23 de janeiro um leitor do jornal Zero Hora escreveu o seguinte: “Vereadores da Capital mentiram ao eleitor ao dizer que não aumentariam impostos, o IPTU aumentou mais de 25%.” Como eu não sou autoritário, mas sei exercer autoridade, mandei um bilhete ao Sr. Secretário Municipal da Fazenda, num cartão pessoal apenas com o nome João Antônio Dib, sem constar Vereador, nem Presidente de Câmara, nem Prefeito em exercício, nada disso, só João Antonio Dib, o qual dizia o seguinte: “Secretário, aqui está a Lei Complementar n.º 438, que disciplina o reajustamento do IPTU”, e sublinhei para ele o que eu pensava de uma lei clara, precisa, concisa e que deveria ser respeitada. Bem, eu imaginava que com a delicadeza como tratei o problema eu teria do outro lado a mesma coisa, mas não, ele não respondeu, nem me procurou, nem me telefonou, e não me disse nada. Eu voltei à presidência da Casa, continuei recebendo reclamações e nada ouvi por parte de S. Ex.ª o Dr. Ricardo Collar. Evidentemente ele deve estar num nível muito mais alto do que este Vereador, deve ser isso.

No art. 1.º da Lei Complementar n.º 438, consta o seguinte: “Fica estabelecido que a variação do Imposto sobre a Propriedade, Predial e Territorial Urbana, para o exercício de 2000 não poderá exceder o limite da inflação, tendo como base o IPTU lançado de acordo com a Legislação vigente para o exercício de 1999, sendo que para os exercícios seguintes será limitada a inflação igualmente tendo como base o IPTU lançado de acordo com a Legislação vigente.” Portanto, o Prefeito só poderia e só fez o Decreto de até 25,31%, mas os aumentos, lá na Fazenda, não foram esses. Não foram corretos! Não foram sérios! Não foram responsáveis! Abusaram do contribuinte e mais ainda do Legislativo dizendo que foi o Legislativo que fez. E o que eles faziam? Se alicerçavam num Decreto do Prefeito, de 1995 ou 1996 - eu não tenho no momento aqui, mas claro que lá na minha mesa está -, mas que não foi aplicado. Mas, mesmo que fosse aplicado, uma Lei Complementar diz claramente até ser mudada: que o IPTU de 2003 deve ser igual ao de 2002 mais 25%, no máximo; não foi o que fizeram. E pior do que isso, culparam a Câmara por um Decreto que não está nem comparável com a Lei que dizia que, de acordo com a Fórmula de Harper, se exceder de 0,5 até uma unidade, então ele pode fazer uma área tributada maior, não poderia. Poderia colocar, sim, a área tributada maior, mas não poderia cobrar, porque a Lei é regra fixa e clara: cobra o anterior mais a inflação do IGPM.

Aí vai o jornalista amigo meu lá e diz que ouviu o Ver. João Dib dizendo que é só 25,31%. “Posso fazer um recurso?” “Pode fazer, mas se fizer não vai levar nada, porque já está decidido.” Aí veio um amigo meu aqui, diz que ninguém aumentou mais: 47,56% o aumento dele. Veio uma senhora lá da Rua Dom Pedro II e me trouxe os dados, mandei para a Fazenda, já, imediatamente, não é o Dr. Collar, o Secretário-Adjunto já está providenciando e já viu que a senhora tinha razão. Mas, ontem chegou no meu gabinete uma senhora que teve um aumento muito pequeno, mais de dez vezes os 25,31%, 267%! Não sei por que nós fazemos leis aqui. Bom, mas eu acho que tendo falado, agora há de vir explicação e nós vamos tomar providências.

Eu quero também comunicar a Casa que hoje determinei que fosse feita uma Ordem de Serviço, para que fossem levantados os prazos de todos os pedidos de informação e todos os pedidos de providências que a Lei Orgânica diz que devem ser respondidos em trinta dias.

O Protocolo vai levantar e nós vamos responsabilizar o Prefeito como já foi feito no passado, se não forem cumpridos. É uma preocupação que eu tenho, e eu tenho certeza de que todos os Vereadores também têm e o próprio Prefeito deve ter, porque está na Lei Orgânica este prazo de trinta dias para responder os pedidos de informação e para também responder, não significa aceitar, os pedidos de providências. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Ver. João Dib, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, público que nos acompanha aqui e pela TV Câmara. Quero poder responder de forma satisfatória a todos os temas que foram trazidos aqui desta tribuna.

Em primeiro lugar, quero falar ao Ver. Pujol, com quem tenho uma excelente relação, sobre a crítica que ele fez ao Governo Lula em relação aos juros. Quero entender o que é coerência mesmo, porque o Governo do Ver. Reginaldo Pujol, em que o PFL participava ativamente, construiu uma política econômica e de juros que eu nunca vi o Ver. Pujol criticar. O Governo Lula herdou esta política econômica e todos os seus malefícios, mantendo a taxa de juros e tendo que administrar este problema. O Ver. Pujol vem e critica. Então, eu quero tratar da coerência: ou bem criticava antes e continua criticando agora, ou bem elogiava antes e continua elogiando agora, porque senão não há coerência na política. Temos de manter a coerência. Se gostava da política do Fernando Henrique e se diz que o Lula está permanecendo com ela, deveria ter elogiado e não criticado, não é Ver. Garcia? Então, nós temos de manter uma linha de raciocínio até para que o público entenda, senão ninguém vai entender mais nada: uma hora critica, em outra elogia.

Quero resgatar aqui a fala do Ver. Pedro Américo Leal, que colocou as coisas nos termos que nós colocamos, quando construímos o acordo, aliás, assunto requentado, ultrapassado e sem propósito, no momento atual, que é o momento de pleno diálogo entre todos os Vereadores, acordados que estávamos na construção do acordo que colocou a Mesa, e também a participação de todas as Bancadas. Eu não entendi o que é bancada de oposição e nem o que é bancada de situação. A bancada de oposição talvez seja ao Ver. João Antonio Dib, mas não acredito que tenha uma bancada de oposição contra o Ver. João Antonio Dib na Presidência. O Ver. Pedro Américo Leal é da bancada de oposição ao Governo Municipal, mas está na situação na Câmara. Então, temos que colocar as coisas nos termos corretos, independente da minha discordância aqui.

Quero desejar as boas-vindas ao Ver. Wilton Araújo, que assumiu pela primeira vez a tribuna neste ano.

Quero tratar, aqui, do convite do carnaval, Ver. Elói Guimarães. O Ver. Elói Guimarães tratou do Ofício como se fosse um ofício enviado pela Secretaria de Cultura e pela Direção-Geral da Secretaria de Cultura e, na verdade, o Ofício foi feito pelo Diretor-Geral da Câmara, que, como teve contatos com a nossa Bancada, avisava à Câmara que os convites estavam à disposição de todos os Vereadores e, portanto, era necessário avisar os Vereadores. O Ofício tinha que sair avisando os Vereadores que a Secretaria de Cultura disponibiliza os convites e, portanto, tem de fazer via Câmara esse trato. Por um pequeno erro, o Diretor-Geral da Câmara de Vereadores colocou que deveria ser por intermédio da Assessoria da Bancada do Partido dos Trabalhadores, o que não é. É por intermédio da Mesa Diretora, que se relaciona direto com a Secretaria de Cultura. Isso foi um pequeno equívoco, sem nenhuma maldade por parte de quem o fez, apenas por uma confusão de informações, e a Secretaria de Cultura, efetivamente, nada tem a ver com essa situação. Então, o Ver. Elói Guimarães já tinha acenado com a cabeça que concorda que o Ofício não é de responsabilidade nem da Bancada e nem da Secretaria de Cultura, muito menos do Executivo. Só para termos claro.

Quero tratar da questão do IPTU trazida pelo Vereador-Presidente João Antonio Dib. O IGPM é uma correção feita anualmente. A correção do IGPM tem como conseqüência uma inflação acumulada no País, por conta de quê? Por conta de uma política econômica. É óbvio que se o IGPM tivesse um índice de 1%, 2%, nós adoraríamos, porque nós não queremos a inflação. Nós queremos a estabilidade econômica, capaz de garantir qualidade de vida para a população. Então, o resultado do IGPM, 25%, colocado no IPTU, é resultado de um acúmulo inflacionário no País. Agora, também aqui temos de manter a coerência, porque o IGPM também estabelece o reajuste dos servidores; é a bimestralidade dos servidores municipais. Se é para tirar o IGPM do IPTU, vamos manter a coerência. Se o grande mal, o Ver. Isaac Ainhorn trouxe aqui que o problema, é o IGPM, então se tira o IGPM de todo mundo. Retira o IGPM para correção do IPTU, mas se mantém o IGPM para a correção do salário dos servidores municipais, o qual ninguém tratou e questionou. Aí não tem graça! Vamos fazer com o equilíbrio racional da gestão pública que nós queremos, adequada e tributariamente justa. Sempre queremos fazer o debate de um IPTU justo, correto e progressivo nesta Cidade, impedido por muitos Vereadores aqui. Então, temos de colocar isso nesses termos.

Quanto aos problemas com o envio de IPTU para mais de quatrocentos mil imóveis, ora, sempre tem algum tipo de problema, numa margem muito reduzida. E a Secretaria Municipal está sempre à disposição do contribuinte para corrigir e inclusive anular a contribuição do IPTU quando estiver irregular. Tem de ser analisado caso a caso, como um caso que o Presidente João Antonio Dib trouxe aqui. A Secretaria Municipal da Fazenda está à disposição do contribuinte porto-alegrense para corrigir esses casos.

Encerro com uma nota triste, que foi o encerramento do Orçamento Participativo no Estado, anunciado pelo Governo do Estado. Nós queremos dizer que todos os conselheiros do Orçamento Participativo Estadual foram legitimamente, democraticamente, eleitos e têm o direito e dever cívico de participar da elaboração do próximo Orçamento. Se não vão eleger mais conselheiros, é uma coisa; se não vão manter mais o Orçamento Participativo é outra coisa. Agora, impedir que os eleitos para discutir o Orçamento para o próximo ano não o façam, isso não é aceitável. Isso é uma quebra gravíssima da democracia para quem dedicou a sua vida e o seu tempo de lazer para construir um Estado melhor. Vamos dar o direito a esses conselheiros eleitos nas últimas assembléias do Orçamento Participativo para decidir o próximo Orçamento do Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PC do B.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. João Antonio Dib, presidente dos trabalhos, demais Vereadores e Vereadoras, pessoas que nos assistem aqui e nas suas casas, inicialmente quero entrar, de forma rápida, neste debate sobre a situação econômica, o quadro econômico herdado pelo governo popular de Luiz Inácio Lula da Silva, que, aliás, é um governo que, hoje, congrega as mais variadas forças políticas interessadas em dar um novo rumo para o Brasil, um rumo de soberania, um rumo de democracia, um rumo de preocupação social. De alguns dados bem simples, alguns Vereadores já trataram aqui. Nesses oito anos, Ver. Reginaldo Pujol, do governo dos partidos que V. Ex.ª representa, a dívida pública nacional saltou de 60 bilhões de reais para mais de 800 bilhões. Isso significava, inicialmente, 30% do PIB, e passou para 56% do PIB. Mas, não é só isto. Só de juros, no ano passado, Ver. Pedro Américo Leal, foram gastos 113 bilhões de reais. E, o que é mais interessante ainda, Ver. Carlos Alberto Garcia, que me escuta atentamente, a rentabilidade média dos bancos, nos oito anos de Fernando Henrique, foi de 24,5%. Enquanto isto, o setor produtivo - indústria, agricultura, serviços - teve uma rentabilidade média, em oito anos, de 5,6%. Por isso, devemos dizer, com toda propriedade, que o Brasil foi transformado, no “reinado de Fernando II”, no paraíso dos banqueiros. É esta a realidade que, com grande dificuldade, o Governo Lula procura transformar, mas faz ainda os primeiros movimentos nos primeiros quarenta, quarenta e cinco dias de Governo. Eu costumo dizer que o Brasil não é uma lancha que dá um cavalo-de-pau e muda de lado, mas era um transatlântico que ia em direção aos rochedos e neste momento começa a fazer um movimento de modificação de rumo para poder alterar essa situação. É realmente risível que aqueles que defenderam esses oito anos de desgoverno venham agora cobrar do Governo Lula, nos primeiros quarenta dias, soluções milagrosas em que nem eles acreditam, nem Lula prometeu, nem nós consideramos viáveis.

Nós queremos tratar de um outro assunto que irá voltar a esta Casa com bastante polêmica. Lerei algumas manchetes: “Vendas do comércio gaúcho caem 2,5% em outubro”; “Comércio acumula redução de 2,6% no Rio Grande do Sul” – isso refere-se a novembro; “Estado tem vendas abaixo da média nacional”; “Supermercados gaúchos venderam menos em 2002”; e, ao mesmo tempo, “Shopping retomam crescimento nas vendas”; “Shopping festejam bons resultados”.

Trazemos esta questão, porque há toda uma polêmica, uma discussão, Ver. Juarez Pinheiro, sobre a questão da abertura do comércio aos domingos. O que nós afirmamos em todos os debates no ano passado, no ano retrasado? Não será a abertura do comércio aos domingos que irá melhorar o nível de vendas. Vejam bem: foi exatamente no ano em que a Justiça liberou a abertura do comércio aos domingos no Estado e em Porto Alegre, atropelando a legislação desta Cidade, exatamente nesse período, é que as vendas no Rio grande do Sul diminuíram.

Não terei tempo de detalhar, mas aqui é dito que as maiores quedas se deram em Porto Alegre. Já tínhamos visto isso em agosto, em setembro, agora vimos em outubro, novembro e no balanço anual, porque é o dinheiro no bolso do povo que responde pelo nível de vendas. Ao contrário: a abertura do comércio aos domingos tem é beneficiado os shopping centers, enquanto as vendas caem no seu conjunto, e caem principalmente para os pequenos e médios comerciantes, e até para os grandes comerciantes de rua de bairro, as vendas melhoram para os shopping centers. Por isso, nós vamos nos dedicar a estudar o Projeto do Ver. Juarez Pinheiro. Mas queríamos dizer, em princípio, Vereador, que achamos que na verdade o Projeto acaba consolidando a abertura do comércio aos domingos.

Queremos voltar a esse debate, queremos hoje só deixar acertado que não é só a abertura do comércio aos domingos que resolve o problema dos varejistas e o problema do comércio; são outras medidas e outras questões. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Sr. Presidente, queremos fazer uma proposição e queremos conversar com os demais Srs. Vereadores, para que iniciássemos as votações pelo PLE n.º 004/02 e o PLE n.º 015/02. Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Penso que posso deferir de plano o Requerimento de V. Ex.ª, porque tratam-se de dois Projetos sobre os quais, evidentemente, não terá discussão maior. Então, eu já havia pedido que não fizéssemos alteração na seqüência.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, não tenho nenhuma objeção, mas só queria gizar que V. Ex.ª, tão logo assumiu a presidência desta Casa, gizou com muita precisão de que V. Ex.ª quer seguir o ordenamento dos Projetos. Então, na Sessão anterior, já houve um pedido de alteração de pauta, assim o Plenário entendeu. Há um novo pedido, tudo bem, mas eu só quero deixar aqui a nossa posição de que V. Ex.ª tem-se pronunciado em uma outra direção.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato, Ver. Sebastião Melo. Exatamente, eu disse que aceitava essa colocação, ainda que seja contrário à alteração na seqüência da Ordem do Dia, mas como se trata de dois Projetos que não terão discussão, sem dúvida nenhuma não havia por que não aceitar.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, só para esclarecer - colocações suas mesmo -, mas para defender a nossa posição, em relação ao trato do tema que o Ver Sebastião Melo trouxe, é que V. Ex.ª defende que, dentro do Regimento, se garanta uma ordem para votação dentro das Sessões plenárias. Enquanto isso não acontecer, cabe aos Vereadores, que têm pleno direito de propor e requerer ordens de votação dentro do expediente entregue a todos os Vereadores. É importante colocar isso, para que não se crie um clima de que tenhamos de votar sempre na ordem em que está no expediente, e, sim, cabe o legítimo direito dos Vereadores proporem uma ordem de votação, até que seja reformado o Regimento da Casa.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato, Ver. Marcelo Danéris. Na realidade, na reunião da Mesa e Lideranças de hoje, nós não tratamos deste assunto. Evidentemente, está enraizado em todos nós que pretendemos fazer com que a seqüência seja mantida. Portanto, eu sou grato a V. Ex.ª, mas vamos tentar manter essa ordem para que as coisas aconteçam da melhor maneira para o desenvolvimento dos trabalhos da Casa.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 0319/02 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 004/02, que declara de utilidade pública a Congregação do Apostolado Católico - Irmãs Palotinas.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Sebastião Melo: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. João Bosco Vaz: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 19-02-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLE n.º 004/02. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, eu desejo que V. Ex.ª mantenha a sua maneira de ver os processos em seqüência. Penso que V. Ex.ª deve perseverar.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Pedro Américo Leal, é claro que eu farei isso, mas foi bem colocado, nós não acertamos isso entre a Mesa e as Lideranças, e como só havia Projetos do Executivo, hoje, e achando que dois Projetos não teriam discussão, não havia por que não eliminá-los aqui na nossa seqüência.

Mas, de qualquer forma...

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Mas é V. Ex.ª que defere; o Plenário ouvido e V. Ex.ª defere.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Plenário havia concordado e o Ver. Reginaldo Pujol vai discutir o Projeto.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Há uma movimentação no Plenário, vinda do PT em direção a V. Ex.ª, para flexionar essa sua visão.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu não acho que seja isso, porque ainda não houve decisão. Eu estou tentando fazer com que aconteça isso, mas estou vendo que há dificuldades mesmo e eu não posso impedir o Requerimento.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, quero parabenizar V. Ex.ª, pois é preciso regra, é preciso disciplina, mas não é preciso rigidez, e como essas duas entidades estão necessitando disso agora para, juridicamente, pelo menos saírem do sufoco em que estão, V. Ex.ª está com toda a razão. Meus parabéns!

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLE n.º 004/02.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, a Casa vai votar o Projeto de Lei do Executivo n.º 004/02, que declara de utilidade pública a Congregação do Apostolado Católico - Irmãs Palotinas.

Evidentemente, Sr. Presidente, que este não é o primeiro projeto da relação de quantos no dia de hoje podem ser votados.

Eu fui alertado de que as colocações dos projetos na Ordem do Dia já tem, hoje, regimentalmente, um regramento, pela hierarquia das matérias que são discutidas, as emendas à Lei Orgânica, os projetos complementares sempre serão votados prioritariamente, e os demais, os projetos de lei ordinária – como são conhecidos – serão depois regrados pela sua ordem de ingresso na Ordem do Dia, pela sua ordem de antigüidade na Casa.

De fato, esse tem sido, ao longo do tempo, um problema a ser administrado por quem dirige a Casa.

Eu havia me impressionado, no início, com uma decisão que me parecia definitiva, da presidência, no sentido de que não haveria de se concordar com essas alterações durante a Sessão porque, entre outras coisas, elas acarretam, via de regra, um atraso maior pela mudança do que qualquer tipo de avanço em função da alteração proposta.

As mudanças são objeto de discussões na Casa, que eu, hoje, não quis iniciá-las, me permitindo, agora, discutindo a matéria, que tem a minha opinião favorável, fazer essa colocação, até para respaldo de futuros posicionamentos a respeito desse assunto.

Eu vou muito mais longe, eu acho que, nesses dias de quarta-feira, nós deveríamos ser muito mais objetivos na votação das matérias, e sermos rígidos, inclusive, nas segundas e quintas-feiras, com o aproveitamento dos horários de Comunicações, durante o Grande Expediente que, com muita freqüência, utilizamos para prestar homenagens que, a meu juízo, deveriam ser objeto de Sessões Solenes.

Mas, dito isso, Sr. Presidente, eu quero salientar, restritamente à matéria em discussão, que essa entidade localizada na Rua Veador Porto, quem lê o seu nome assim, certamente, que ninguém vai se aperceber da importância do trabalho que realiza, porque nós não a conhecemos, a grande maioria das pessoas não a conhece. Não é na Veador Porto, nada! Eu estou numa confusão, porque eu estava convencido de que estávamos discutindo o Projeto de pág. 04 e estamos no Projeto de pág. 03. (Lê.): “Declara de Utilidade Pública a Congregação do Apostolado Católico - Irmãs Palotinas.” É o mesmo princípio, com a alteração apenas da página. É que olhar Irmãs Palotinas não diz muita coisa para nós. Agora, o que eu saliento é que os pareceres que ocorrera, todos eles, no sentido da aprovação, responsabilizam aqueles que não possam ter lido a matéria, no pressuposto de que uma matéria que percorreu a Comissão de Constituição e Justiça, a Comissão de Finanças e Orçamento, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte, no mínimo, foram discutidos por dezessete pessoas da Casa - sete integrantes da Comissão de Justiça, cinco da Comissão de Finanças e cinco da Comissão de Educação, Cultura e Esporte -, e que todos esses, unanimemente, entenderam de se manifestar a favor, porque, realmente, essa Congregação desenvolve um bom trabalho na cidade de Porto Alegre e o Executivo fez muito bem em declará-la de utilidade pública, ensejando que ela tenha, dessa forma, acesso a algumas situações dentro do próprio regime de filantropia, de auxílios e de apoio que a municipalidade, o Estado e a União propiciam para entidades dessa natureza. Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Posso depreender, se assim é que o Plenário me disse, que estou autorizado – não quis ser autoritário – a fazer a votação da Ordem do Dia na seqüência.

Encerrada a discussão de PLE n.º 004/02. Em votação. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente Ver. João Antonio Dib, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. Saúdo, pela primeira vez, porque não sou membro da Comissão Representativa, o Ver. João Antonio Dib pela presidência que exercerá neste ano, e já, de plano, pela decisão que ele teve agora, contrariando a posição do meu amigo Ver. Pedro Américo Leal.

Nós elegemos uma Mesa que, entre outras questões, dispunha da necessidade de esta Casa se reorganizar em alguns serviços e, principalmente, em readequar, para agilizar o funcionamento das Sessões, o nosso Regimento. O Ver. João Antonio Dib inúmeras vezes mostrou, em entrevistas à imprensa escrita, falada e televisionada, essa posição, com a qual temos concordância.

Entendemos, Ver. Luiz Braz, que realmente há uma série de dispositivos que estão defasados, dispositivos que precisam ser alterados no Regimento para que as Sessões possam fluir com mais clareza, com um ordenamento que possibilite o debate político e também a apreciação das matérias que aqui são colocadas pela população, pelos trinta e três Vereadores e pelo Poder Executivo.

Agora, caro Ver. João Antonio Dib, que tem defendido essa posição, com a qual tenho absoluta concordância, quero manifestar, de plano, uma posição que tenho, e que não é só minha, mas de diversos Vereadores. As matérias são colocadas na nossa agenda das Sessões com uma ordem que é, logicamente, acertada e correta, que é a de colocar-se primeiro na Ordem do Dia as alterações à Lei Orgânica ou novas leis complementares, as leis ordinárias e as resoluções e, depois, os requerimentos e, entre eles, as moções.

Não é o fato, Ver. Cláudio Sebenelo, de uma matéria assim colocada por um ordenamento lógico, Ver. Isaac Ainhorn... Uma alteração, por exemplo, a uma Lei Orgânica não significa ipso facto que aquela matéria tenha uma importância ou um momento de urgência superior a outra matéria que seja de lei ordinária ou que seja até uma moção. A hierarquia entre os diplomas legais, como alteração da Lei Orgânica, leis complementares ou leis ordinárias não significa a importância da matéria a ser apreciada. Aquilo é uma ordem feita pela Diretoria Legislativa. Um projeto de lei ordinária pode ter uma urgência muito maior, por uma circunstância especial ou não, do que a alteração de um dispositivo da Lei Orgânica que seja programático e não tenha tanta urgência. O rito, o momento de fazer essa alteração na ordem dos trabalhos colocada pela Diretoria Legislativa pode não ser no Plenário, mas a obrigação de os Srs. Vereadores apreciarem as matérias exatamente na ordem em que a Diretoria Legislativa as coloca é uma burrice que vai levar a desacertos, a incoerências, a apreciarmos matérias de menor importância na frente de matérias de maior importância.

Eu quero dizer que o desejo comum dos trinta e três Vereadores de melhorar o nosso Regimento, de aperfeiçoá-lo, não pode cometer tropelias, e não pode, no afã de apenas alterar, trazer maiores problemas do que ele já tem.

Nesse sentido, eu faço um apelo aos senhores membros da Mesa para que considerem estas palavras, para que não cometamos equívoco no sentido de que os Vereadores não possam alterar. Se o local de alteração é o Plenário, a reunião da Mesa ou das Lideranças, isso é outro problema. Agora, que não temos de seguir rigidamente essa ordem é uma coisa lógica. Com a mínima inteligência, qualquer um pode apreciar corretamente, sob pena de apreciarmos aqui, por uma disciplina burra, matérias de menos importância antes de matérias que têm mais importância e mais urgência. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há mais quem queira encaminhar. Em votação o PLE n.º 004/02. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 0966/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 015/02, que declara de utilidade pública a entidade “CENTRO SOCIAL O SAMARITANO – CESOS”.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Avila: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Sebastião Melo: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. João Bosco Vaz: pela aprovação do Projeto;

- da COSMAM. Relator Ver. Aldacir Oliboni: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 19-02-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLE n.º 015/02. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Agora, na forma em que o Plenário me definiu, a seqüência será rigorosamente cumprida.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 4208/01 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 009/01, que autoriza a desafetação do uso especial de imóvel do domínio público municipal e sua alienação a Lódia Kalakun Pereira e José Augusto Medeiros Pereira, independentemente de licitação.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Carlos Alberto Garcia: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto;

- da COSMAM. Relator Ver. Dr. Goulart: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1º, I, da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLCE n.º 009/01. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero discutir este Projeto, que teve a minha aprovação na Comissão de Constituição e Justiça, onde prolatei Parecer recomendando a sua aprovação no aspecto da legalidade. De fato, na Comissão de Constituição e Justiça, no que fui acompanhado pela unanimidade dos integrantes daquela Comissão, eu sustentei que se tratava de imóvel de domínio público e que, portanto, se fazia necessária a sua desafetação. Os bens públicos são inalienáveis enquanto destinados ao uso comum do povo ou a fins administrativos especiais, isto é, enquanto tiverem afetação pública, destinação pública específica. Exemplifiquei que uma praça ou um edifício público não poderia ser alienado quando tivesse essa destinação, mas qualquer deles poderia ser vendido, doado ou permutado, desde o momento em que fosse por lei desafetado da destinação originária e transpassado para a categoria de bem dominial, isto é, de patrimônio disponível da administração. Isso, evidentemente, não é uma afirmação graciosa minha, é fundada na posição dominante na jurisprudência brasileira, na doutrina brasileira esposada por Hely Lopes Meirelles, que é, indiscutivelmente, o maior administrativista vivo deste País. Diz ele que, no caso, haveria alienação de um imóvel a lindeiros, não havendo, face essa circunstância, a necessidade de licitação, pois o art. 12 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre estabelece que “a venda aos proprietários lindeiros, respeitada a preferência do antigo proprietário das áreas urbanas remanescentes e inaproveitáveis para a edificação resultantes de obras públicas ou de modificações e alinhamento, dependerá de prévia avaliação de autorização legislativa, dispensada a concorrência pública.” A prévia avaliação já ocorreu, e está agora ocorrendo autorização legislativa, o que possibilita a dispensa da licitação. Essa é a análise jurídica. O processo é legal e regimental.

Agora, aqui no Plenário, cabe-me discutir a conveniência ou a inconveniência da realização desse fato. Há discussões acerca dessas desafetações. O Ver. Antonio Hohlfeldt, por exemplo, quando Vereador nesta Casa, no ano passado, questionava: 1) se a passagem que se quer fechar é o único acesso dos moradores do entorno ao comércio e ao transporte coletivo local, já que as quadras do local são muito extensas, demandando longas caminhadas, para, por exemplo, ir ao supermercado; 2) o próprio Coordenador-Geral do Gabinete do Prefeito, Sr. Assis Olegário Filho, em parecer citado na página 38 do processo administrativo que acompanha esta proposição, diz textualmente: “É um assunto delicado, já que são passagens de pedestres antigas, e, se não houver um processo amplo de debate, certamente teremos confusão durante o transcorrer do ano.” Finalmente, a segurança para o local, alegada como um dos motivos para a dita desafetação, pode ser minimizada com a iluminação da passagem, pintura de cor clara dos muros delimitadores, etc... Estabeleceu-se uma discussão sobre este detalhe.

Essas passagens de pedestres têm sido uma polêmica constante na comunidade. E quando a gente pergunta para o Poder Público: “Estão vendendo por quê?” Dizem: “Ah! Nós consultamos o Conselho de Representantes da comunidade, o CRC.” Ora, eu acho que nessas ocasiões, as nossas diligentes Comissões, elas mesmas tinham que questionar a comunidade para ver o interesse da comunidade em que isso ocorresse. Eu, no caso concreto - por isso me abalei a falar -, fui ver onde se localiza essa passagem, na antiga Chácara Santos Neto, ali no Bairro Petrópolis. Realmente, nas condições em que está, sem as preocupações que o Ver. Antonio Hohlfeldt manifestou, é altamente conveniente que se venda: para os lindeiros, para que os dois agreguem ao seu patrimônio, e, agregando ao seu patrimônio, Ver. Darci Campani, seja um problema a menos para o DMLU, seja um problema menor para a sSegurança pública e para que ele não se transforme em lugar preferido de algumas pessoas que gostam de, em lugares assim escuros, realizar algumas atividades que não realizam às claras. Nem me refiro a esse tipo de pessoas, porque não sou propagandista delas.

Eu entendo que não existem projetos simples aqui na Casa, mas projetos nos quais a gente não tem muito interesse. Dentro dessa discussão, inaugurada por V. Ex.ª, Ver. João Antonio Dib, Presidente da Casa, que sustenta que a Prefeitura é uma grande imobiliária, que vende todo o seu patrimônio, quero-lhe dizer que, nesse caso, a “imobiliária” está vendendo um produto que não tem utilidade maior para a comunidade; pelo contrário, no caso, a avaliação me parece correta: 36 milhões, atualizada pelo IGPDI, o Município vai receber um recurso e se irá desonerar de um problema. Por essa razão, no caso concreto, acho que a venda é recomendável, é salutar, faz bem para a comunidade e ao interesse público, além de ser legal e regimental. Era isto, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação nominal o PLCE n.º 009/01. (Pausa.) (Após a apuração nominal) APROVADO por 20 votos SIM.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3538/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 024/01, que altera o art. 20 da Lei n.º 6.203, de 3 de outubro de 1988, modificado pela Lei n.º 6.412, de 9 de junho de 1989. (alteração de denominação CC/FG)

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Avila: pela rejeição do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Raul Carrion: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 19-02-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLE n.º 024/01. (Pausa.)

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, estamos requerendo o adiamento da discussão e votação desse Projeto por cinco Sessões.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o Requerimento do Ver. Marcelo Danéris, pela Bancada do PT, solicitando o adiamento da discussão e votação do PLE n.º 024/01 por cinco Sessões. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 0870/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 013/02, que institui Área Especial de Interesse Social – AEIS II, para regularização do loteamento clandestino localizado na Estrada das Furnas 249, define regime urbanístico e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Carlos Alberto Garcia: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto;

- da CEDECONDH. Relator Ver. Cassiá Carpes: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 19-02-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLE n.º 013/02. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLE n.º 013/02.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós votamos, hoje, vários Projetos que deveriam ter sido objeto de votação no ano passado. Este Projeto, por exemplo, ingressou na Casa no dia 27 de fevereiro de 2002. Então, está quase completando um ano e hoje ele vai ser objeto de votação. O que é que ele propõe fundamentalmente? A instituição, com base na Lei Complementar n.º 434/99, como Área Especial de Interesse Social, o loteamento conhecido como Beco Cerrito, situado em área de ocupação rarefeita a MZ8, Unidade de Estruturação Urbana 16, conforme limites especificados em planta anexa. Cria-se, por conseguinte, a subunidade 7, compreendida pelos limites da Área Especial de Interesse Social II, Beco do Cerrito. Onde é que se localiza essa área? Nós falamos aqui que deveríamos ter um mapa com a delimitação, porque quando analisamos o Projeto na Comissão de Constituição e Justiça estava com o mapa da área global. Trata-se de mais uma área que já foi objeto de ocupação não-regular e que agora evidentemente se busca, com a declaração de Área Especial de Interesse Social, alcançar essa urbanização.

Sr. Presidente, esta Casa não tem faltado com a sua responsabilidade. Tanto que o Ver. Carlos Alberto Garcia, que eu acho que foi o último a se manifestar sobre a matéria, em 5 de agosto de 2002, já se manifestava pela aprovação. Nós mesmos, Ver. Juarez Pinheiro, na Comissão de Constituição e Justiça, em 8 de abril de 2002, aprovamos, por unanimidade, o seu Parecer, que, numa síntese, se refere à exposição de motivos do Projeto e esclarece que o Poder Executivo informa que “o Projeto visa a adequar às normas urbanísticas vigentes no processo real de produção da Cidade, permitindo o acesso da população carente a uma habitação regularizada”. É o nosso objetivo.

Então, Sr. Presidente, nós, que no final do ano passado fizemos um grande esforço, aprovando várias matérias, esquecemos de aprovar esta matéria, em que pese em 11 de outubro ela já estar em condições de vir à Ordem do Dia, não sendo, depois, objeto da devida priorização por parte de quem podia assim proceder.

Fica a certeza de que nestes primeiros dias deste ano legislativo estamos procurando votar o maior número de projetos, que não são simples, porque, às vezes, dizem: são processos simples. Não, todos os processos aqui têm o seu devido grau de importância. Aqui é um instrumento a mais que a Câmara Municipal dá ao Executivo Municipal para o desenvolvimento da sua política habitacional, para o desenvolvimento da sua política fundiária. Se providências outras não são tomadas, não é por omissão do Legislativo, que pode, em determinadas circunstâncias, até tardar um pouco, mas não falta, como certamente não faltará agora, com a conseqüente aprovação deste Projeto de Lei, que, repito, a meu juízo, já deveria, muito tempo antes, ter sido objeto da aprovação da Casa, que aprovou tantas outras situações durante este período, que, no meu modesto modo de entender, não eram tão relevantes como essa que, no presente momento, estamos a decidir. Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrada a discussão. Em votação o PLE n.º 013/02. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 0972/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 020/02, que autoriza a alienação de próprio municipal localizado na Rua Veador Porto, 689, encravado, fundos do n.º  691, para Pedro Ernesto Dossena.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. João Antonio Dib: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1º, VIII, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia em 19-02-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLE n.º 020/02. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, coincide que este Projeto também é um Projeto em que eu ofereci o meu Parecer, e, diversamente do outro, encontra-se na Casa desde 2001. O que autoriza a Casa a decidir esta matéria? A desafetação do uso especial do imóvel do domínio público municipal e sua alienação... Esse Projeto já foi votado, Sr. Presidente, eu acho que me entregaram o Projeto errado... Não foi aprovado já esse Projeto que... Esse Projeto já foi votado... Houve uma pequena confusão, aqui, mas eu me recupero.

A orientação... Eu estava analisando um Projeto que me foi entregue e que já foi objeto de decisão. Ainda bem que localizei.

O que nós estamos discutindo agora é o Projeto de Lei da rua Veador Porto, que também tem o nosso Parecer, que é do ano de 2002. O nosso Parecer foi prolatado em 30 de abril do ano passado e é baseado nos mesmos termos em que nós enfrentamos aquela outra situação já descrita, porque no caso em tela a alienação é legal, já que o imóvel destinado à reserva de área verde foi desafetado devido à inviabilidade técnica de sua implantação, conforme foi destacado no encaminhamento do processo. Assim, em sendo a alienação do imóvel feita aos lindeiros conforme a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, não havia o que se discutir quanto à legalidade. Na parte que diz respeito à análise da conveniência eu fico seguro, Ver. Pedro Américo Leal, e diria que na parte do interesse público a minha segurança nasce do fato de que o Relator na Comissão de Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, que cuida desse fato, se chama João Antonio Dib, que diz ser do interesse público, e isso nos dá segurança. O que tenho sustentado aqui é que os vários companheiros que analisam nas suas respectivas Comissões são cúmplices na aprovação, porque, quando eu digo lá na Comissão de Constituição e Justiça que a matéria é legal e regimental eu dou garantia sobre esse aspecto, e, quando me dizem nas demais Comissões que é conveniente, que satisfaz o interesse público, eu obviamente reconheço esse fato, e a informação que nós temos, corroborada pelo Ver. João Antonio Dib e pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, dois elementos bastantes exigentes nos seus pareceres, é de que é impossível se fazer área verde na área em referência, dadas as suas condições topográficas. Então, diante dessa impossibilidade técnica, o que fazer? Ficar com mais uma área para dizer que é uma área incrustada, mais uma área para dizer que se tem essa área no domínio do Município para fazer uma praça? Quando? Nunca! Por isso, por essa razão vim à tribuna para dizer que voto com pleno conhecimento da situação, até porque essa matéria foi devidamente examinada.

 

O Sr. Pedro Américo leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas estou-lhe escutando e também chego a esta opinião.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Exatamente, por decorrência lógica.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu vejo aqui que o Prefeito da época, Sr. Tarso Genro, remeteu para esta Casa em 06 de março de 2002, e o terreno foi avaliado em 83 milhões, 26 reais e 59 centavos. V. Ex.ª, que é parecerista desta matéria, como nós estamos votando agora em 2003, como segue a orientação? Há um indexador desse valor ou o proprietário adquirente vai pagar esse valor devidamente parcelado? V. Ex.ª teria esses dados? Lendo aqui dei-me conta dessa questão.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Esse detalhe a Comissão de Finanças e Orçamento teria de flagrar. No Projeto de Lei está escrito: “O próprio municipal é avaliado em 83 milhões, 26 reais e 59 centavos, conforme avaliação da Secretaria Municipal da Fazenda em abril de 2001. O pagamento será feito em doze parcelas, de acordo com o inciso II em Instrução Normativa n.º 02/99 da Secretaria Municipal da Fazenda, onde consta que o indexador...” – aí seria a única coisa a discutir: que o indexador não é o que normalmente aplica-se no imposto, que é o IGPM; é o GPI, no caso, porque trata-se de negociação feita entre as partes e essa Instrução Normativa estabelece esse GPI, que é o índice para efeito interno. Era isso, Sr. Presidente, espero ter contribuído. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrada a discussão. Em votação nominal o PLE n.º 020/02. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO, por 22 votos SIM.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1430/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 042/02, que declara de utilidade pública a Associação de Pais e Amigos da Creche Comunitária Santa Catarina.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Estilac Xavier: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Carlos Alberto Garcia: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relatora Ver.ª Maria Celeste: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 19-02-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLE n.º 042/02. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2142/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 045/02, que declara de utilidade pública a Fundação Central Sul-Americana para o Desenvolvimento de Drogas Anti-Câncer – SOAD.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto;

- da COSMAM. Relator Ver. Dr. Goulart: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 19-02-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLE n.º 045/02. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2144/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 047/02, que autoriza a alienação de imóvel sito no acesso da Estrada das Quirinas, 777, Bairro Belém Novo, Porto Alegre, matriculado no Registro de Imóveis da 3ª Zona, sob o nº 96.130, e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 82, § 1º, VIII, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia em 19-02-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLE n.º 047/02. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação nominal, solicitada por esta Presidência. (Pausa.) (Após apuração nominal.) APROVADO por 18 votos SIM o PLE n.º 047/02.

 

VOTAÇÃO

 

(encaminhamento: autor, relator e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1941/02 – RECURSO – Apresentado pelo Ver. Antonio Hohlfeldt relativamente à possibilidade de indicação, pela liderança, de substituição de Vereador inscrito nos períodos de Comunicações ou Grande Expediente, em representação desta Câmara.

 

Parecer nº 165/02:

- da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: no qual consta a seguinte conclusão:

“...

O vereador que sai em representação não deixa as suas funções de vereança, muito pelo contrário, ele vivencia um dos ápices de qualquer membro do parlamento. A representação é a possibilidade de se fazer valer por toda a Casa. O vereador, quando em representação, leva consigo o conjunto de todos os partidos, porque ele não é mais um simples vereador, sua  condição pode ser igualada a do Presidente, o maior de todos os vereadores, pois representa a Instituição. Ele é uma espécie de supervereador, jamais podendo ser confundido com um licenciado, que nem a função de vereador exerce naquele momento.

            Ora, se o partido político a que pertence esse supervereador puder, além da honra da representação, substituí-lo, mesmo que for simplesmente com a fala, nos seus tempos de Comunicação, haverá uma vantagem desmesurada para  uns em detrimento dos outros.”

 

Observações:

- incluído na Ordem do Dia em 19-02-03;

- votação nos termos do art. 99 do Regimento da CMPA.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, requeremos o adiamento da votação do Recurso, apresentado pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, por cinco Sessões.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Está sendo solicitado, pelo Ver. Marcelo Danéris, Líder do PT, adiamento da votação do Recurso apresentado pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, relativamente à possibilidade de indicação, pela Liderança, de substituição de Vereador inscrito nos períodos de Comunicações ou Grande Expediente, em representação desta Casa.

Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. Marcelo Danéris, solicitando adiamento da votação do Recurso apresentado pelo Ver. Antonio Hohlfeldt. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO o Requerimento por unanimidade.

Passamos ao período de

 

EXPLICAÇÃO PESSOAL

 

O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Explicação Pessoal.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, público que nos acompanha aqui e pela TV Câmara, eu tratei de um assunto hoje nesta tribuna, durante o período de Comunicação de Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores, e gostaria de usar o tempo de Explicação Pessoal exatamente para explicar um tema tão importante quanto o Orçamento Participativo.

O Orçamento Participativo, além de uma conquista de um governo, na verdade, ele é conquista cidadã, participativa - como diz o Ver. João Bosco Vaz, um apoiador do Orçamento Participativo - da cidadania - e, como dizia o nosso Governador, hoje Ministro, um rastilho de cidadania que se esparramou pelo Estado.

No ano passado, durante as assembléias, as plenárias do Orçamento Participativo Estadual, Ver. Sebastião Melo, foram eleitos Conselheiros do Orçamento Participativo em todo Estado. Ver. Sebastião Melo, eu gostaria de salientar isso: foram eleitos democrática e legitimamente para, neste ano, ajudar, construir e deliberar o Orçamento estadual.

O Governo de V. Ex.ª, Ver. Sebastião Melo, que prometeu, comprometeu e reafirmou que não acabaria com o Orçamento Participativo, acabou com o Orçamento Participativo.

Ora, vejamos: diziam que o Orçamento Participativo era manipulado; diziam que o Orçamento Participativo era partidarizado e que se eles fossem governo fariam melhor, fariam um Orçamento Participativo sem manipular, sem partidarizar. O que já é um equívoco na raiz, porque não era nem manipulado e nem partidarizado.

Mas por que então não permanece o Orçamento Participativo com essas características que se dizia defender? Mas, na verdade, se escondia o que todo o mundo já sabia: são contra a participação popular. Não querem o Orçamento Participativo, não querem a participação da população e, no primeiro momento que entram no governo, a primeira coisa que fazem é restringir a participação da população gaúcha. É legítimo, mesmo assim, é legítimo porque é um Governo eleito e tem direito a fazer o seu programa de governo, mas que não tivesse mentido para população do Rio Grande do Sul. Que dissesse a verdade: “Nós vamos acabar com o Orçamento Participativo”, seria legítimo defender isso. Eu seria contra, mas seria legítimo defender. Mas não disse isso, disse que ia manter o Orçamento Participativo, mentiu e acabou com o Orçamento Participativo. Não bastasse isso, vai desrespeitar uma eleição legítima e democraticamente feita dos conselheiros por todo o Rio Grande do Sul, que têm o direito de participar na elaboração do Orçamento do Estado. Quero saber se na base do “canetaço”, do autoritarismo, vão impedir que esses conselheiros participem da elaboração do Orçamento do Estado. Quero entender se terão a ação antidemocrática de, e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro não pode fazer isso, desrespeitar a participação cidadã; pode discordar, pode ser contra o Orçamento Participativo.

Ver. Sebastião Melo, Líder do PMDB na Câmara e Líder do Governo Rigotto, irá defender que é democrático não permitir a participação desses conselheiros na elaboração do Orçamento do Estado? Esses conselheiros não precisam ser reeleitos e não precisa haver eleição de novos conselheiros para 2004, sendo legítimo que o Governo eleito não queira mais fazê-la; mas não é correto, não é democrático impedir que os já eleitos participem.

Podemos ter discordâncias como Vereadores que defendemos princípios diferentes, mas temos conselheiros eleitos em todo o Estado - o que será feito desses? Será desrespeitada a sua participação? Esses, que dedicaram sua vida, seu tempo de lazer, quem sabe o seu trabalho, para estar numa plenária para melhorar o nosso Estado não poderão mais participar. Esses que foram eleitos têm o direito democrático de participar da elaboração do Orçamento estadual. Se mentiram para o povo gaúcho, dizendo que não acabariam com o Orçamento e acabaram, que, pelo menos, respeitem os conselheiros do Orçamento Participativo legítima e democraticamente eleitos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para uma Explicação Pessoal.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, eu quero, em primeiro lugar, fazer uma saudação especial aos Vereadores que retornam a esta Casa e aos que chegam, e um carinho especial para o Ver. Cláudio Sebenelo, Vereador com quem eu tenho, além de uma relação de trabalho, como Parlamentar, uma relação de ordem pessoal, como também o Ver. Wilton Araújo, que já foi Presidente da Casa também. Mas desejo que o Ver. Cláudio Sebenelo, nesses dois anos, dê continuidade ao seu trabalho. Vamos ter muitas diferenças em algumas questões, mas elas serão sempre discutidas com muito respeito. Saudando V. Ex.ª, saúdo os demais colegas que retornam ou que chegam pela primeira vez na Casa.

Eu não esperava que houvesse esta oportunidade de chegarmos a este período da Sessão a que nós nunca chegamos. Tendo em vista que normalmente a Ordem do Dia é bastante extensa, são raras as Sessões em que ingressamos no período de Explicação Pessoal. O Ver. Beto Moesch, inclusive, estava perguntando o que estávamos fazendo, talvez porque, desde que o Vereador assumiu nesta Legislatura, nunca tenhamos ingressado neste período. Mas é um período que nos permite abordar questões importantes do nosso mandato e da Cidade.

Eu encaminhei ontem aos gabinetes de todos os Vereadores e Vereadoras as razões e também a cópia de um Projeto de Lei que redigimos no período de recesso, uma justificativa com algo em torno de vinte páginas, que trata de um tema econômico de profunda relevância para a Cidade, para todos os munícipes, que dispõe sobre o funcionamento do comércio aos domingos e feriados.

Eu fiz, da primeira à nona página, Ver. Nereu D’Avila, um longo exame de uma das decisões. Quero fazer aqui um parêntese, porque considero o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul o tribunal mais qualificado entre os tribunais de justiça deste País, mas fiz uma análise de uma decisão absolutamente equivocada, sob o ponto de vista jurídico, baseada na manifestação de um despacho liminar do Desembargador Clarindo Favretto, que é um jurista exemplar, uma pessoa reconhecida no meio jurídico, mas que talvez tenha tido nessa decisão o dia mais infeliz da sua existência como operador do Direito. Mas a questão, que é relevante, perde a sua força perante as conseqüências que essa liminar teve na cidade de Porto Alegre. Em primeiro lugar, ela está gerando um fato econômico de grande relevância, que todos nós precisamos apreciar. Nós temos em torno de quatro mil pequenos e microcomerciantes desta Cidade, principalmente dedicados ao comércio de gêneros alimentícios e material de higiene, que estão em perigosa situação econômica devido à desregulamentação que houve com a liminar, que nós todos aqui contestamos, por parte do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Além disso, é preciso salientar que quando quebramos o pequeno, quando quebramos o micro, nós não estamos só terminando com empregos, e os pequenos e os micros geram 64,8% dos postos de trabalho do comércio, não são os grandes que geram empregos, mas quando nós quebramos o pequeno, Ver. Pedro Américo Leal, nós estamos quebrando toda uma cadeia produtiva que começa no pequeno comerciante, que atinge o representante comercial, que atinge o pequeno atacado e que vai chegar, Ver. Luiz Braz, na outra ponta, ao grande atacado. A rede de suprimento de um grande supermercado é diferente: o grande supermercado e o grande comerciante compram do grande produtor, portanto, quando ele tem problemas - e ele tem gerado a perda de postos de trabalho - não é tão sério como quando quebramos o pequeno e o micro, como está acontecendo hoje em Porto Alegre.

De outra parte, Ver.ª Clênia Maranhão, V. Ex.ª que trabalha com esse tema de forma perfunctória, 60% dos comerciários hoje são trabalhadoras mulheres que são, junto com os seus companheiros, mas com mais ênfase aquelas que se dedicam de uma forma mais totalizante na educação dos filhos, e hoje essas companheiras trabalhadoras estão sendo afastadas de suas famílias durante todo o domingo.

O nosso é um Projeto alternativo que visa a evitar a concentração do mercado e que fique só na mãos dos grandes comerciantes, mas que o mantenha plural, que o mantenha com a participação dos micro, dos pequenos, dos médios e também dos grandes comerciantes que contribuem, economicamente, para o crescimento, engrandecimento da Cidade e geração de empregos. Nesse sentido, ele propõe um horário, enquanto o Supremo Tribunal Federal não refaz a decisão do Tribunal de Justiça, no sentido de que o grande comércio funcione só a partir das 16h, permitindo que o pequeno possa trabalhar na parte da manhã, sem essa concorrência, e que os trabalhadores tenham diminuída, no mínimo, metade de uma jornada hoje de doze horas, para apenas seis horas. Não é o ideal, mas é o que, infelizmente, nos obrigou o Tribunal de Justiça, a partir do momento em que retirou, equivocadamente, sob o ponto de vista jurídico e político, uma competência que é dada pela população, que é dos Vereadores, e não dos membros do Tribunal de Justiça, que é definir o funcionamento do comércio aos domingos e feriados. A Câmara de Vereadores com isso dá uma resposta, Ver. Reginaldo Pujol, e, independentemente de posição que tenhamos do mérito, sob o ponto de vista da competência que é nossa, que a população nos deu democraticamente nas eleições, não vai ser retirada, seja por que autoridade for; e essa é uma autoridade respeitável - o Tribunal de Justiça -, mas ela tem as suas competências, e nós, aqui, eleitos pela população, temos as nossas, e nós vamos responder com isso que não abrimos mão dessa responsabilidade que a população nos delegou. Portanto, é um Projeto equilibrado, harmônico, que tem como objetivo contemplar todos os interesses, diminuir e evitar um grande problema, que seria a quebra generalizada dos pequenos e microcomerciantes. Obrigado, Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Explicação Pessoal.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, colegas Vereadores e colegas Vereadoras, o Ver. Marcelo Danéris já havia, no final do seu discurso, em Comunicação de Líder, falado da questão da participação popular, e retorna a esse tema agora que nós estamos debatendo neste período. Eu quero dizer, Ver. Marcelo Danéris, que há várias formas de participação popular. Há várias experiências no mundo, há várias experiências desenvolvidas em nosso País. Eu quero lembrar a V. Ex.ª que, em 1982, sob a égide do Governo Bernardo de Souza, do PMDB, foi aqui, no Rio Grande, a primeira experiência de participação popular sob o comando do MDB. Mas não ficamos restritos ao Rio Grande do Sul; em 1982, no início da década de 80, o nosso vizinho, Estado de Santa Catarina, em Lages, tivemos lá, com o Prefeito Dirceu Carneiro, também uma bela experiência. Eu quero dizer a V. Ex.ª que o nosso Governo, sob a liderança do PMDB e da base de sustentação do Governo que aqui tem, nesta Casa, Vereadores do PPB, Vereadores do PDT, Vereadores do PSDB, nós queremos qualificar esse debate através dos COREDEs. Ver. Pedro Américo Leal, o COREDE reúne o Prefeito, o Vereador, a universidade, a associação comunitária - os entes da sociedade civil organizada -, legitimamente guindados pela população através do voto popular. Mas vou mais além: o nosso Governo quer trabalhar uma legislação para restabelecer, Ver. Dr. Goulart, os Conselhos Municipais, Ver. Marcelo Danéris, cujo Governo de V. Ex.ª entrou na justiça para acabar com eles. O nosso Governo quer trabalhar como consulta popular, que é mais ampla do que apenas o Orçamento Participativo.

Agora, V. Ex.ª parece que tem uma amnésia quando fala das questões locais. Eu queria saber qual é o capítulo do programa de governo do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva que tratou de participação popular, Ver. Luiz Braz? Pelo que eu saiba ele já está começando a negociar emendas lá como velha ARENA - parece que esse campo está fértil no Congresso Nacional. Mas onde está a base de participação popular do Governo Federal? Ou V. Ex.ª tomou algum comprimido e não assistiu os debates do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva quando dizia: “Olha, essa questão da participação popular não serve para o País.” Então V. Ex.ª deveria, em primeiro lugar, olhar no espelho. V. Ex.ª hoje tem a responsabilidade de governar o País, e eu não vi uma vírgula do seu governo falar de participação popular. Temos uma experiência local respeitável que queremos regulamentar, há um Projeto nessa direção. E o próprio ex-candidato a Governador Sr. Tarso Genro fez um longo documento, lá no início da década de 90, reconhecendo e dizendo que a regulamentação do Orçamento Participativo era um instrumento importante, mas, no entanto, voltou atrás logo em seguida.

Nós queremos, Sr. Presidente, afirmar que o nosso Governo Germano Rigotto tem compromisso com a participação popular, tem compromisso com as desigualdades regionais e queremos mudar este Estado. Agora, a participação popular de V. Ex.ªs... Foi eleito um conjunto de obras, Ver. Luiz Braz, que não foram executadas nem no Chuí, nem em Caxias do Sul e nem na praia de Tramandaí. Porque este Estado está com um rombo de 1 bilhão e 400 milhões no caixa único; 4 bilhões de déficit orçamentário; dívidas com os fornecedores de seis meses de atraso. O Diretor da SUSEPE teve que ir para o telefone tentar convencer os vendedores de pães, pois tinha que fornecer os pães no presídio, porque há seis meses o Governo que deixou o Estado não pagou.

Antes de fazer participação popular como os senhores fizeram, deveriam ter definido qual era o valor que havia para cada região. Porque aí iriam fazer a participação popular responsável. A Região Sul vai ter tantos milhões para investimentos e vamos decidir sobre isso. Não é fazer as pessoas irem ao CTG, à Igreja, defender e definir um conjunto de obras e depois não há dinheiro para executá-las porque a folha de pagamento consome 82%, porque a dívida com a União consome 13%, porque existem também os contratos a longo prazo. Hoje há um déficit orçamentário, de tudo o que se arrecada, falta 7% para pagar.

Então, portanto, o nosso Governo tem compromisso com a participação popular, mas a participação popular não se esteia em apenas uma forma; ela existe em várias formas. Nós queremos qualificá-la, queremos ampliá-la e não é o Governo de V. Ex.ª, o Partido de V. Ex.ª que vai ensinar ao velho MDB de guerra - que tem compromisso com luta popular, compromisso com democracia de afirmação - qual é o caminho da participação popular.

Mas, mais do que isso, V. Ex.ª parece que não se conformou com aquilo que, de forma soberana, o povo do Rio Grande do Sul decidiu: chega desse Governo! E abriu cancha para que uma nova força entrasse no Palácio Piratini. É isso que V. Ex.ª ainda não compreendeu. Muito obrigado Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Explicação Pessoal.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Este é um momento muito feliz do Parlamento, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em que esgotamos a pauta e passamos para as Explicações Pessoais - uma das primeiras vezes que isso ocorre aqui nas últimas legislaturas.

Eu ouvi o brilhante Ver. Marcelo Danéris fazer um discurso, aqui. E, depois, confesso, ao ouvir o talentoso pronunciamento do Ver. Sebastião Melo, fiquei condoído, com pena, com dó do Ver. Marcelo Danéris ter de carregar esse andor pesado e ter que defender uma tese que aos poucos vai sendo desmanchada, pedra por pedra, não sobrando absolutamente nada daquilo que antigamente se chamou de Orçamento Participativo. Por quê? A perda da credibilidade do Orçamento Participativo, inicialmente, está ligada a processos estatísticos, isto é, o percentual do que era levado ao Orçamento Participativo passou a ser tão pequeno que sabe-se que 90% daquilo que deveria ser levado até ele não era feito. Do ponto de vista estatístico, o número de pessoas que participava do Orçamento Participativo, em relação à Cidade ... E essa é a diferença, Ver. Marcelo Danéris, a diferença é que agora a proposta do Governo Rigotto - que pode até não ser melhor do que a sua, aqui não estamos comparando quem é o melhor, se eu sou o bom, eu sou o melhor, eu sou o mau e você o bem, não; isso passa a ser ridículo hoje -, a proposta dos COREDES passa pelo Tribunal Regional Eleitoral. Sabem para quê? Para desideologizar. Então, quem for votar lá, Vereador, vai ter de votar com o seu título eleitoral. Não vale votar duas vezes. Aquela coisa uníssona, ideologizada, partidária, que nós vimos aqui quando quisemos legalizar o Orçamento Participativo, quatrocentas pessoas dizendo: “O povo unido jamais será vencido!” - era um uníssono, era formatura militar - todos eles diziam exatamente a mesma coisa, e muitos dos que estavam aqui eram conhecidos nossos: CCs, FGs das estruturas e agências burocráticas do Executivo Municipal. Faltou a participação popular. Era uma encomenda pronta com o carimbo do Partido dos Trabalhadores. Quando outros partidos, outras manifestações comunitárias abandonaram o Orçamento Participativo. Então, este é um dos problemas. As propostas de participação popular devem vingar, devem se manter. Isso foi escamoteado, isso foi dito lá no Exterior, inclusive o então Prefeito Raul Pont disse para o Le Monde Diplomatic: “Nós temos o Orçamento Participativo, não precisamos de parlamento, não precisamos de Câmara de Vereadores.” Pois hoje vemos exatamente o contrário: a afirmação do Parlamento como uma casa de debates, como uma casa de incertezas, de inseguranças, de dúvidas, mas principalmente com toda a certeza que nós tivermos aqui vai ser baseada no debate, na dúvida que chegou à certeza. Agora, acabou-se a farsa do Orçamento Participativo. Sabe por que, Ver. Marcelo Danéris? Por um só motivo: porque mais de 50% daquilo que foi estipulado pelo Orçamento Participativo não foi cumprido na cidade de Porto Alegre, quem dirá no Estado do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Explicação Pessoal.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Dib, presidindo os trabalhos, tenho um orgulho muito grande de estar aqui nesta tribuna, numa Casa como esta, presidida por um homem tão ilustre como o Ver. João Dib. Aliás, esta Cidade é composta por homens públicos extremamente ilustres, alguns deles merecendo citações de todos nós que somos oradores aqui, e também de oradores de outros parlamentos. O Ver. Juarez Pinheiro falou a respeito de um desses homens ilustres, o Desembargador Clarindo Favretto, que não sei se é, Ver. Juarez Pinheiro, parente do Procurador do nosso Município, o Rogério Favretto - deve ser, porque, afinal de contas, eles têm o mesmo sobrenome -, tem aparecido com constância em ações que dizem respeito ao nosso Município. O Ver. Juarez atacou uma das decisões do Desembargador Clarindo Favretto no que diz respeito à abertura do nosso comércio aos domingos em Porto Alegre. O Ver. Juarez Pinheiro teve a oportunidade de dizer do prejuízo dessa atitude do Desembargador, que disse que esta Câmara não tinha competência para legislar sobre o dia em que o comércio deve abrir e fechar, mas apenas sobre a hora em que o comércio deve funcionar. Isso causou um prejuízo enorme para os trabalhadores nessa área e, quem sabe, até para a relação de comércio estabelecida em nossa Cidade.

Esse mesmo Desembargador, Clarindo Favretto - e é por isso que faço questão de me referir a esse nome -, também concedeu uma outra liminar, Ver. Juarez Pinheiro, em uma ação de inconstitucionalidade movida pelo Município de Porto Alegre com relação a uma legislação aprovada por este Plenário, Ver. Sebastião Melo, num Projeto de autoria deste Vereador, aprovado pelos Vereadores desta Casa, que faz a transformação dos custos da água que é consumida aqui em nosso Município de “tarifa” para “taxa”. Ele concede uma liminar, com poucas linhas escritas por ele, como acontece praticamente em todas as liminares. Eu acredito que o Desembargador Favretto, com certeza absoluta, não se prendeu à Constituição naquilo que o art. 145 estabelece. Ver. Sebastião Melo, olhe bem se nós não poderíamos aqui votar a transformação do custo da água de “tarifa” para “taxa”. Diz assim o art. 145 da Constituição Federal: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:... inciso II: taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis...”. Ora, querem mais descrição com relação à distribuição de água do que essa que está no art. 145, de que eu posso estabelecer taxas “em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis prestados ao contribuinte e postos a sua disposição”? Ora, mas é tudo isso que acontece, exatamente quando nós estamos entregando a água para os consumidores nos limites do Município de Porto Alegre, serviço esse que é prestado pelo DMAE.

Eu só espero que essa discussão possa realmente ser encerrada em breve - porque até agora é concessão apenas de uma liminar -, e que possamos ter essa matéria definida pelo voto, quem sabe, de outro desembargador ou de outros desembargadores, para que nós possamos ter a Justiça estabelecida para os munícipes em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ao encerrar esta Sessão, eu preciso dizer da satisfação, que não é só minha, mas de todos os Vereadores que dela participaram, pois nós votamos toda a Ordem do Dia. Nós votamos tão celeremente que a Diretoria Legislativa foi surpreendida e nós não votamos os Requerimentos. Eles serão votados amanhã.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h47min.)

 

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